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Instalada pela Western Eletric no pavilhão da antiga Repartição Geral dos Telégrafos, na Praia Vermelha, esta emissora, junto com a estação Westinghouse, do Corcovado, inaugurou no Brasil o serviço de Radiofusão, durante a Exposição do Centenário da Independência: na foto, ao centro, o engenheiro José Neves, o telegrafista Manoel Antonio de Souza (à direita) e o servente da estação Joaquim Pereira (à esquerda) 1922 – Imagem: Divulgação
Há 100 anos, o dia 7 de setembro de 1922 marcou a primeira transmissão de rádio no país que ocorreu simultaneamente à exposição internacional em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, inaugurada pelo presidente Epitácio Pessoa. O então discurso do presidente, em meio ao clima festivo do evento, abriu a programação da exposição, tornada possível por meio de um transmissor de 500 watts, fornecido pela empresa norte-americana Westinghouse e instalado no alto do Corcovado. Apenas 80 receptores espalhados na capital e nas cidades fluminenses de Niterói e Petrópolis acompanharam a transmissão experimental, que teve ainda música clássica – incluindo a ópera O Guarani, de Carlos Gomes – durante toda a abertura da exposição.
À frente da iniciativa estava o cientista e educador, Edgar Roquette Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira. “Segundo o depoimento do próprio Roquette, praticamente ninguém ouviu nada da transmissão, porque o barulho da exposição era muito grande”, conta o historiador, Milton Teixeira. “Os alto-falantes eram relativamente fracos, mas mesmo assim causou uma certa sensação a transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa e das primeiras músicas”, diz.Apesar da transmissão durante a celebração do centenário da Independência, o início efetivo e regular das transmissões do rádio ocorreu somente no ano seguinte, mais uma vez graças ao esforço de Roquette Pinto. Ele tentou em vão convencer o governo a comprar os equipamentos da Westinghouse, que permitiram a transmissão experimental. A aquisição foi feita pela Academia Brasileira de Ciências, e assim entrou no ar, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
A emissora pioneira é a atual Rádio MEC, que foi doada pelo próprio Roquette Pinto ao Ministério da Educação em 1936. Nesse ano, também foi fundada, a princípio como emissora privada, a Rádio Nacional, que seria incorporada ao patrimônio da União na década de 40.
As primeiras emissoras eram clubes ou sociedades de amigos, em geral, nascidas da união de curiosos encantados com a sensacional novidade. As transmissões de rádio ocorriam sempre à noite e as rádios ficavam poucas horas no ar, porque os transmissores não tinham capacidade de transmitir durante muito tempo. Nessa primeira fase, o rádio mantinha-se com mensalidades pagas pelos que possuíam aparelhos receptores, por doações eventuais – privadas ou públicas – e muito raramente com a inserção de anúncios pagos, que eram proibidos na época.
Em 1926, foi inaugurada a Rádio Mairynk Veiga, seguida da Rádio Educadora, além de outras da Bahia, Pará e Pernambuco. A partir de 1927, o rádio passou por um processo de massificação com a possibilidade de transmissão de sons de aparelhos que tocavam discos diretamente ao microfone. A era do rádio comercial surge a partir de 1932, quando o presidente Getúlio Vargas, através do Decreto 21.111, autorizou as emissoras a ter até 10% de sua programação sob a forma de publicidade. Com isso, deu-se início à profissionalização do meio, com a contratação de artistas, a transmissão de programas de auditório, de humor e as aclamadas radionovelas.
Em 12 de julho de 1941, às 10h30min, teve início ‘Em busca da felicidade’, primeira radionovela transmitida no país, através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A obra mexicana foi escrita por Leandro Blanco, com adaptação de Gilberto Martins.
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