A edição 67 do jornal Cândido, editado pela Biblioteca Pública do Paraná, traz um especial sobre a relação dos escritores curitibanos com a cidade. Recorrente na literatura produzida no Paraná, a questão envolve disputa por espaço, falta de reconhecimento e o desejo de se mudar para outra capital. O jornalista e tradutor Christian Schwartz analisa de que maneira essa tensão, entre Curitiba e os autores, aparece em alguns dos mais expressivos romances produzidos recentemente. “Há uma segunda versão clássica da jornada do herói provinciano; nela, ele jamais consegue alçar voo, irremediavelmente acorrentado à pequeneza de suas origens. Curitiba produziu, e continua a produzir, alguns personagens assim — só que na vida real”, comenta Schwartz no longo ensaio em que são mencionados autores como Dalton Trevisan, Cristovão Tezza, Jamil Snege, Paulo Leminski e Miguel Sanches Neto. Outro destaque do Cândido 67 é a entrevista com a professora da Universidade de São Paulo (USP) Leyla Perrone-Moisés. Pesquisadora da produção literária brasileira, ela acaba de publicar Mutações da literatura no século XXI, livro em que analisa diversos aspectos da manifestação cultural. Leyla pondera sobre o declínio do prestígio da literatura, a derrocada da crítica em tempos de internet, autoficção, entre outras questões. O jornalista, escritor e compositor Cadão Volpato escreve sobre os 30 anos, a serem comemorados em 2017, de Três lugares diferentes, álbum de sua banda, o Fellini. Ele explica como surgiram algumas canções, conta quais referência utilizou para elaborar as letras e ainda antecipa fragmentos de Os discos do crepúsculo, livro previsto para o primeiro semestre deste ano. Entres os inéditos, contos de B. Kucinski e de Flavio Jacobsen, poemas de Alvaro Posselt, Gerson Maciel e de Samantha Beduschi Santana. Leo Flores é convidado da seção Cliques em Curitiba. E o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Eduardo Salles O. Barra defende que o ensino de Filosofia e Sociologia, reintegrado há uma década ao currículo das escolas do Paraná, pode estabelecer uma ponte entre a educação humanista e a educação literária.
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