A última Marcha das Mulheres Indígenas reuniu milhares de pessoas em 2023 – André Ribeiro
O evento tem o lema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta pela cura da terra” e pretende ter, como produto final, um plano nacional de políticas públicas para mulheres indígenas.
A partir de um acordo de cooperação entre a organização indígena e os ministérios, foi estabelecido um calendário com encontros regionais preparatórios. Cada um deles levou o nome de uma árvore típica de cada bioma do país: castanheira, sapopema, araucária, jurema, mangabeira e sumaúma.
“Há diversas formas de violência que afetam nossos corpos e territórios. A violência doméstica, que acontece dentro de casa, mas também a violência do racismo, a violência de invasores como madeireiros, garimpeiros”.
Realizada bianualmente desde 2019, a Marcha das Mulheres Indígenas é organizada atualmente a partir de uma rede de 420 mobilizadoras em todos os biomas do país. “A gente decidiu fazer a conferência dentro da nossa marcha para ter um número maior de participação de mulheres indígenas”, explica Jozileia.
Marcada para o dia 7 de agosto, a manifestação se concentra às 7h no acampamento no Complexo Cultural Funarte e caminha até a praça dos Três Poderes, onde será entregue a “Carta dos Corpos-Territórios em Defesa da Vida” ao Congresso Nacional.
Este mesmo parlamento que validou a lei do marco temporal em setembro de 2023 aprovou, no último dia 17, o projeto de lei 2.159/21, que afrouxa regras de licenciamento ambiental, o chamado “PL da devastação”. O presidente Lula (PT) tem até 8 de agosto – um dia após a 4ª Marcha das Mulheres Indígenas – para sancionar, vetar ou vetar parcialmente o texto referendado pela Câmara dos Deputados.
“Nós queremos dar um basta a tudo o que é construído de cima e colocado para nós goela abaixo. Queremos construir as políticas públicas que nos dizem respeito de forma coletiva, assim como a gente faz nos nossos territórios e nas nossas organizações”, defende a diretora executiva da Anmiga.
“A gente quer somar esforços com as mulheres do mundo e fazer uma mudança. Essa mudança, para nós, tem a ver com reflorestar mentes”, diz Jozileia Kaingang. “Como que a gente pode mudar esse conceito de viver, para viver bem?”
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.