Uma partida se ganha ou se perde ou se empata, diz um ditado surrado que costuma ser repetido entre quem aprecia futebol. É possível dizer que o Foz do Iguaçu FC vivenciou a um só tempo essas três experiências na “Batalha do ABC” nessa quarta-feira, 27, no jogo contra o Ceará pela Copa do Brasil.
O Azulão da Fronteira empatou no tempo normal, e a decisão foi para os pênaltis. Por 4 a 2, em noite que conspirou a favor do goleiro Fernando Henrique, o defensor do Ceará que segurou duas cobranças, o Foz do Iguaçu FC viu escapar a sonhada vaga para a terceira fase do torneio nacional e o almejado embate contra o Corinthians.
Mas o jogo também ofereceu a vitória para o elenco iguaçuense. O time procurou jogar de igual para igual contra um dos 20 melhores clubes do Brasil. Seguia os passos da vitória contra o adversário que jogava bem. Por um passo à frente, o gol de Matheus Guerreiro para o Foz, aos nove minutos do primeiro tempo, foi anulado.
Para o esporte iguaçuense, contudo, a grande conquista nessa quarta-feira foi fora das quatro linhas. Cerca de dois mil torcedores cantaram, empurraram o time, sofreram. Depois do último apito, palmas e agradecimento para o Foz do Iguaçu FC, que disputou pela primeira vez a Copa do Brasil.
O futebol pode trazer vitórias mesmo diante de derrotas impostas pelo regulamento. Aposentado, Élio de Lima Vieira, 63 anos, vai aguardar pela próxima partida do Foz. “Sou torcedor de carteirinha. Não vejo o dia de ter jogo para vir assistir”, conta ele, que mora no bairro Maracanã, a algumas quadras do Estádio do ABC.
Na arquibancada ainda majoritariamente masculina, a estudante de Direito Micaela Acosta, 20 anos, deixou o apartamento no prédio ao lado do Estádio do ABC para empurrar o time da cidade e representar as mulheres. Viu a partida ao lado do irmão, Ruan, de 14 anos.
“Temos que prestigiar o nosso time e incentivar os jogadores”, disse a gremista Micaela. “Aqui todos somos do mesmo time. Nesse momento de torcer para o Foz do Iguaçu, todo mundo se entende”, completou a universitária.
Orgulhoso por ter acompanhado os jogadores do Foz do Iguaçu FC na apresentação em campo e na foto oficial da partida, Marcos Allan da Silva, 11 anos, embalava o time da arquibancada sonhando um dia ser atleta profissional. Na categoria Sub-11 do Foz, ele treina três vezes por semana.
“Quero realizar o meu sonho de ser jogador profissional e começar pelo Foz”, contou o garoto, que mora no bairro Cidade Nova. No contraturno escolar, ele pega carona na garupa da moto de seu pai para comparecer ao centro de treinamento usado pelo clube na região da Vila A.
Da categoria Sub-12 do Foz do Iguaçu FC e morador do Jardim São Paulo, Samuel Arthur quer iniciar a sua carreira de jogador no Foz, seguir para o Internacional e depois para o Barcelona, da Espanha. “Meu sonho é chegar no Barça, como o Arthur”, cita ele, lembrando a trajetória do jogador brasileiro que recentemente conquistou uma vaga no clube espanhol.
Coordenador das categorias de base do Foz do Iguaçu FC, Henrique Junior explicou que o time atende hoje 60 meninos, mesmo antes de iniciar as seleções. As chamadas “peneiras” do clube estão previstas para acontecer a partir de março.
Há cinco anos, o ganha-pão de Josué da Silva é no Estádio do ABC. Começou vendedor, agora é vendedor-torcedor. “Acompanho o Foz do Iguaçu FC desde que o time estava na Série B do Campeonato Paranaense”, relata. À torcida, Josué oferece pipoca, batatinha frita e lanches. Corre pelas laterais sem respeitar o apito final.
______________________Reproduzido de H2Foz. Texto: Paulo Bogler / Fotos: Marcos Labanca
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