Dentro da meta de oferecer ao leitor pelo menos uma nova obra por mês, a Editora Universitária da UNILA (EDUNILA) lança, na próxima quinta-feira (4 de abril), a cartilha Morar na Barranca – Argentina, Brasil, Paraguai. Organizada por Andréia Moassab e Egon Vetorazzi, professores de Arquitetura e Urbanismo da Universidade, a cartilha eletrônica e de distribuição gratuita é fruto de uma pesquisa desenvolvida por docentes e acadêmicos do curso, que analisaram soluções encontradas por moradores das regiões ribeirinhas na construção de suas casas. O projeto também contou com a participação de alunos e docentes do curso de Geografia. O lançamento será na sala C 203, na unidade Jardim Universitário, a partir das 19h. Após o lançamento, a cartilha será disponibilizada na página da Editora.
Com 36 páginas, a publicação, escrita em português e espanhol, mostra as chamadas “escolhas tecnológicas” adotadas por moradores de quatro áreas às margens dos rios Paraná, Iguaçu, Boicy e Panambi: os bairros Remansito, em Ciudad del Este; Bicentenário, em Puerto Iguazú; e Cemitério e Novo Horizonte, em Foz do Iguaçu. “As escolhas tecnológicas não são neutras: as inovações podem e devem ser voltadas para tecnologias de baixo custo e baixo impacto socioambiental, justamente o que os estudos sociais da ciência e da tecnologia têm procurado demonstrar”, escrevem os organizadores na apresentação da obra.
Entre as soluções tecnológicas encontradas pelo grupo de pesquisadores, estão desde um fogareiro elétrico, criado com resistência de chuveiro incrustada em uma pedra, até adaptações estruturais: as casas são elevadas do chão, para evitar tanto o alcance da água nas enchentes quanto a infestação de roedores nas residências; há, ainda, um sistema de drenagem de água pluvial, por meio de valas e valetas, e a utilização de pequenas pontes e passarelas para transpor esses obstáculos.
“Frequentemente, soluções simples são adaptáveis ao clima e, com o uso de materiais disponíveis localmente, acabam por garantir maior autonomia à população, princípio fundamental no direcionamento de políticas públicas, neste caso, voltadas para o direito à habitação”, escrevem na apresentação da obra.
Nos bairros pesquisados e mostrados na publicação, destacam-se, também, o uso de madeira na construção da casa e a manutenção das árvores, como forma de minimizar o calor. Em alguns locais, caso do bairro Bicentenário, em Puerto Iguazú, também se destaca a pavimentação de algumas ruas com entulho de obra: “Chamou a atenção, ainda, em todas as áreas estudadas, a vegetação exuberante, mostrando que não são as moradias irregulares e pobres as responsáveis pelos desmatamentos nas áreas urbanas. Pelo contrário: além de adaptadas à mata local, muitas casas possuem hortas e pomares para consumo próprio dos moradores”, complementam os pesquisadores.
Segundo eles, a valorização das iniciativas locais pode ser instrumento de emancipação e autonomia e concorrer para uma sociedade mais justa, onde se busca a garantia dos direitos humanos. Para eles, há “uma tecnologia social na habitação”, com uma produção autogestionada e com o uso de materiais e sistemas construtivos adaptados à limitação material e econômica. “Este saber merece ser valorizado pelas políticas públicas, com vistas a que o direito à moradia tenha todas as suas dimensões contempladas”, defendem.
Oitava obra publicada pela EDUNILA, Morar na Barranca – Argentina, Brasil, Paraguai dá sequência à série de lançamentos da editora universitária, que no início de março disponibilizou ao público Español en la Universidad: prácticas discursivas, livro eletrônico e de distribuição gratuita escrito por Iván Ulloa Bustinza e Gregorio Pérez de Obanos Romero, também professores da UNILA.
Nos próximos meses, virão a público Mulheres entre fronteiras – Olhares interdisciplinares desde o Sul, organizado por Silvia Lilian Ferro e Thaíse Vieira Thomé (edição impressa e bilíngue); Lengua, sociedad e interculturalidad en la enseñanza-aprendizaje de Portugués y Español, organizado por Francisca Paula Soares Maia e Mercedes Causse Cathcart, também eletrônico e bilíngue; e Glossário terminológico da UNILA, de Fidel Pascua Vílchez, eletrônico e com texto em português.
Além dos lançamentos, a EDUNILA já organiza a segunda reunião do atual Conselho Editorial, prevista para maio. Órgão consultivo e deliberativo, o conselho é formado por representantes da própria universidade – discentes, técnico-administrativos e docentes –, e por quatro convidados externos. Além disso, a equipe se prepara para participação em eventos, como a 32º Reunião da Associação Brasileira de Editoras Universitárias, em Porto Alegre, também em maio.
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