Acervo da Biblioteca Pública do Paraná inclui primeiras edições e livros censurados ou assinados pelo autor que recebem tratamento especial para o armazenamento, acesso e manuseio. O item mais antigo é do século 16 – um exemplar datado de 1584 de Orlando Furioso, poema épico do italiano Ludovico Ariosto.
Um cofre guarda um dos tesouros mais valiosos da Biblioteca Pública do Paraná: um exemplar datado de 1584 de Orlando Furioso, poema épico renascentista escrito em 1516 pelo italiano Ludovico Ariosto e publicado pela primeira vez em 1532. O livro é um dos títulos que compõem o acervo de obras raras da biblioteca.
São itens antigos, primeiras edições, livros censurados ou assinados pelo autor que recebem tratamento especial para o armazenamento, acesso e manuseio. Com a reforma da Biblioteca Pública, a seção de obras raras ganhou um espaço mais adequado, com controle de luz e climatização para evitar a deterioração das publicações. A temperatura do local, por exemplo, varia de 18ºC a 20ºC para que não haja a proliferação de fungos.
Só pessoas autorizadas, geralmente pesquisadores, têm acesso ao local, e o manuseio das obras também é controlado. O uso de luvas, máscara ou até mesmo avental é exigido para evitar tanto a deterioração da obra como uma possível contaminação do leitor, já que pela idade o livro pode ter fungos ou outros agentes. As páginas também não podem ser xerocadas ou fotografadas com flash, pois a luz pode estragar as folhas.
No caso de Orlando Furioso, descoberto por acaso no depósito da biblioteca nos anos 1990, o acesso físico é ainda mais restrito, o que justifica o armazenamento da relíquia em um cofre. As equipes das divisões de Preservação e de Coleções Especiais, porém, fizeram um trabalho minucioso de digitalização para disponibilizar ao público a obra raríssima. Há apenas outro exemplar dessa edição no Brasil, guardado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
CONSERVAÇÃO – Os métodos de conservação seguem o manual de obras raras da Biblioteca Nacional, explica a bibliotecária Lidiamara Gross, chefe da Divisão de Coleções Especiais da Biblioteca Pública do Paraná. “Tomamos esses cuidados para que os livros durem ainda muito tempo. Temos livros com quase 500 anos e esperamos que eles estejam conservados pelos próximos 500”, diz.
Antes de chegar ao acervo, os livros passam por uma higienização, feita página por página. A Divisão de Preservação também identifica pequenos rasgos e faz uma conservação curativa na obra. Os livros mais sensíveis são revestidos por uma jaqueta de poliéster ou acondicionados em uma pequena caixa.
Após o restauro e limpeza, é feita a catalogação para disponibilizar a obra na base de dados da Biblioteca Pública. Especificidades da publicação são destacadas nesse processo, incluindo no catálogo informações como se há no livro a assinatura do autor, anotações, dedicatórias ou filete de ouro na capa, por exemplo.
COLEÇÃO – Além de livros, a seção conta com revistas, publicações e uma coleção de ex-libris (rótulo que era colado geralmente na contracapa do livro para identificar seu dono) que pertenceu ao pesquisador Ely de Azambuja Germano, adquirida pela biblioteca em 1981. “Esses materiais são fundamentais para pesquisadores. Um exemplo é a coleção de livros com as leis da província, da época em que o Paraná ainda não tinha se emancipado do Estado de São Paulo”, destaca Lidiamara.
Toda a coleção está sendo recatalogada. Por isso, não é possível saber a quantidade exata de materiais raros. Porém, novas obras devem entrar para a seção, como um livro de artes publicado no século 18 na Europa que, assim como Orlando Furioso, também estava no depósito da biblioteca.
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