Um livro de artigos e ensaios do linguista Bartomeu Meliá SJ foi apresentado esta semana, na Feira Internacional do Livro, organizada pela Câmara do Livro de Assunção, no Paraguai. “Diálogos da língua guarani” é o título do volume que aparece em adesão ao Ano Internacional das Línguas Indígenas, por meio de publicação da Secretaria Nacional de Cultura (SNC) daquele país, em co-edição com o Grupo Editorial Atlas. A apresentação do livro é da escritora paraguaia Suzy Delgado.“Diálogos da língua guarani” reúne uma seleção de artigos e ensaios feitos pelo Departamento de Publicações da SNC, juntamente com o autor. O conjunto conta com uma prólogo de Meliá, que começa dizendo: “Esses diálogos da língua Guarani pretende abrir a porta para uma conversa sobre temas que estão no centro das nossas experiências linguísticas no Paraguai, cujo multilinguismo é considerável. Assim, muitos e ainda mais usos linguísticos excedem o bilinguismo esquemático e redutivo no país. Além do guarani e do castelhano, há uma dúzia de línguas e variedades dialectais originais que estão ameaçadas de extinção “.“Muitas dessas línguas estão desaparecendo a um ritmo alarmante – diz o texto -, já que comunidades que os falam sofrem deslocações forçadas, as desvantagens na educação, pobreza, analfabetismo, migração e outras formas de exclusão social.”Em artigos e ensaios reunidos no livro, Meliá revisa o processo do idioma e da cultura Guarani desde os tempos coloniais até as últimas décadas, com seu olhar agudo de pesquisador que passou mais de 50 anos estudando o assunto. Assim, em vários desses textos, o autor adverte sobre a situação perturbadora do que ele chama de “desmatamento linguístico” e clama para que o Ano Internacional das Línguas Indígenas seja usado para promover e proteger as línguas originárias.
Bartomeu Melià Lliteres nasceu em Porreras, Mallorca (Espanha), no ano de 1932. Em 1954, já um padre jesuíta, radicou-se no Paraguai, onde realizou estudos sobre a cultura Guarani e sua língua. A Universidade de Estrasburgo (França) concedeu-lhe o título de Doutor em Ciências da Religião, em 1969. Foi colaborador e discípulo de León Cadogan.É pesquisador do Centro de Estudos Paraguaios “Antonio Guasch” e do Instituto de Estudos Humanísticos e Filosóficos. Conviveu com os guaranis da Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai, assim como com os Kaingangues e os Enawené-nawé. Em 1976, devido ao seu repúdio público ao massacre sistemático dos Ache-Guayaki, ele foi forçado ao exílio.São numerosos seus trabalhos e publicações sobre lingüística guarani, história social do Paraguai e etnografia. Entre os vários prêmios e distinções que Meliá recebeu, podemos destacar: National Science Award 2004; o Prêmio Bartolomé de las Casas, 2011, e o Prêmio “Ordem Nacional dos Meritórios Comuneros”, 2012. É membro da Academia Paraguaia de Língua Espanhola e da Academia Paraguaia de História.
________________________________Guatá / Fonte: das páginas de SNC e Unisinos
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