A pergunta foi direta. Qual a razão de o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) apoiar o Feirão da Resistência e da Reforma Agrária? A resposta é óbvia, senão ululante. Somos jornalistas. Trabalhadores que vendemos nossa força de trabalho. Logo, solidários aos demais trabalhadores. Mas mais que isso. O Código de Ética dos jornalistas brasileiros e a função social do jornalismo nos levam à solidariedade. Mas uma solidariedade atuante e militante. Não apenas apoio no papel. Não solidariedade de fachada.É comum os leigos confundirem jornalistas com as empresas de comunicação. Aliás, até mesmo alguns coleguinhas confundem isso de trabalhar em um veículo e se pensar dele e nele. E alguns outros até misturam sua ética pessoal com a ética do patrão. Essa lamentável confusão se dá pelo mito brasileiro da imparcialidade da imprensa. A imprensa não é parcial. Os donos da Mídia tem lado e se posicionam do lado dos donos do poder. Os jornalistas fazem o contraponto a isso. Ao apontar as contradições da Mídia.Ser jornalista ético no Brasil é fazer guerra de guerrilha. De cada dez notícias a legitimar o poder, os jornalistas tentam noticiar o que reflete a função social do jornalista. Nem sempre isso é possível, dado ao caráter adesista e comercial dos donos da Mídia. Mas isso não deve afetar o bom jornalista. Ele, o bom jornalista, estará sempre em busca de uma pauta e de uma notícia que ajude a conscientizar e formar os leitores. A busca por mostrar as contradições de uma sociedade patrimonialista e feudal como a brasileira. Logo, nada mais natural e necessário que o sindicato da categoria se posicione pelos excluídos.O Sindijor Norte PR apoia o Feirão e se coloca junto com os sem-teto, os sem-terra e aqueles que lutam contra a coisificação do ser humano. A resistência, urbana e rural, ao Brasil do atraso é uma obrigação, não só ética, mas também moral, dos jornalistas comprometidos com o humanismo. O Sindicato dos Jornalistas só tem razão de existir se estiver atento às necessidades da sociedade. Além das lutas específicas da categoria como dignidade profissional e campanhas salariais. Isso não impede que os jornalistas tenham posicionamentos políticos e ideológicos distintos.Em uma sociedade que mata negros, pobres e mulheres todos os dias. Que o preconceito racial e de gênero é escancarado pelo próprio Estado brasileiro. Nada mais necessário que o sindicato e a categoria se manifestarem e abraçar a luta desses excluídos. O exercício diário do humanismo tem que ser a principal pauta do jornalista. Em tempos de retrocesso civilizatório, em que a barbárie parece vencer a luta a consciência, o jornalista não pode se omitir. Muito menos a entidade representativa, porque eleita, da categoria.É por isso que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná marcha junto com os excluídos. Na defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), na luta contra a desforma da Previdência Social e contras as reformas trabalhistas. O Sindicato tem lado. Um lado oposto aos donos da Mídia. E os jornalistas precisam compreender o momento nacional. Ou seremos, todos, presas fáceis de um sistema que destrói a dignidade humana.A história da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), agora resgatada pelos jornalistas com compromisso social, nos mostra nosso lado. O posicionamento firme da Fenaj (Federação acional dos Jornalistas) contra o retrocesso político e social aponta o nosso caminho: pela sociedade, pelos excluídos e contra aqueles (a elite conservadora nacional, Mídia incluída) que tratam o ser humano como mercadoria. Somos, enfim, pela dignidade humana e por uma sociedade em que justiça não seja mera palavra. Mas sim, uma justiça Justa.
_______________________ Da página do Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná. José Maschio é jornalista aposentado. José já foi editor do Jornal de Londrina, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e correspondente da Folha de São Paulo.
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