. Patrícia Rehder Galvão, a Pagu, foi uma das mais polêmicas figuras femininas da história brasileira no século XX. Nascida no seio de uma família burguesa, em 1910, Pagu afastou-se de sua classe social, passando a militar junto ao Partido Comunista Brasileiro, o que lhe rendeu mais de 20 prisões.
Sua história foi permeada de ações que afrontaram a sociedade da época. Desde as vestimentas ousadas utilizadas até o hábito de fumar e dizer palavrões, Pagu distinguia-se das demais mulheres da sociedade brasileira.
Começou a escrever ainda na adolescência, aos 15 anos colaborava com o Brás Jornal sob o pseudônimo de Patsy. Aos 20 anos, aproximou-se do círculo de intelectuais burgueses paulistanos adeptos do movimento antropofágico. Sua proximidade maior foi com o casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Entretanto, dois anos depois, Pagu chocou a sociedade ao casar-se com Oswald de Andrade.
Prisão da comunista Pagu, em 1931. (Acervo do arquivo Edgard-Leuenroth Unicamp)
Os dois passaram a militar no Partido Comunista em 1930, ano em que ela incendiou o bairro do Cambuci, em São Paulo, ao protestar contra o Governo Provisório. Participou ativamente de uma greve de estivadores na cidade de Santos, onde foi presa pela polícia de Vargas, tornando-se a primeira presa política da história do Brasil.
Pagu foi libertada em 1933, quando publicou, sob o pseudônimo de Mara Lobo, o romance Parque Industrial, que foi considerado o primeiro romance proletário da literatura brasileira. Ela partiu logo após em viagem para a Europa e outros locais do mundo como repórter. Na França, passou a frequentar alguns cursos na Sorbonne e, em 1935, filiou-se ao Partido Comunista Francês. Foi pega pela polícia francesa com documentos falsos, o que lhe garantiu mais uma prisão. Foi liberada após intervenção do embaixador brasileiro Souza Dantas junto ao governo francês.
Pagu entrevistou Sigmund Freud e participou da coroação do último imperador chinês Pu-Yi, de quem obteve as primeiras sementes de soja que foram trazidas ao Brasil. Ao voltar ao país, separou-se de Oswald de Andrade, com quem tinha um filho, Rudá de Andrade. Retomou a atividade jornalística, sendo presa novamente pelas forças repressivas do Estado Novo, ficando cinco anos na prisão.
Desligou-se do PCB em 1940, aproximando-se do trotskismo. Colaborou na revista Vanguarda Socialista, da qual fizeram parte Mário Pedrosa e o jornalista Geraldo Ferraz, que iria se tornar seu segundo marido e pai de seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Passou a viver em Santos, onde se dedicou também às artes cênicas.
Na década de 1950, com a abertura política, tentou candidatar-se à deputada estadual, mas não obteve sucesso. Em 1962, foi diagnosticada com um câncer, tentando vencê-lo com um tratamento em Paris, objetivo que não foi alcançado. Ainda antes de morrer, nesse mesmo ano, publicou um último poema, chamado Nothing, veiculado no jornal A Tribuna de Santos.
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