– Uma opinião de Alceu A. Sperança –
O grande problema da crise, que já se torna permanente, é seu caráter mais claro: a economia mundial não se destina a resolver os problemas da humanidade, mas a enriquecer os já ricos, mantendo os pobres como ávidos produtores e consumidores, esgotando-se na produção e endividando-se no consumo. Nesse caso, o que é o tal do “desenvolvimento”? Produzir bastante não é, pois um dos grandes temores dos donos do mundo é haver mais produtos do que as pessoas sejam capazes de comprar – a chamada superprodução, indesejável para quem não dá a mínima para as necessidades humanas, apenas para os lucros. O curioso da coisa é o “desenvolvimento” ser custeado pelo trabalho das pessoas, seus impostos e consumo. E a solução da crise também! Assim, para aquele que é sempre explorado, com ou sem desenvolvimento, ele está sempre em crise. E não só ele: a economia estará sempre em crise enquanto o egoísmo ditar as decisões. No passado, os donos do mundo mentiam a curto prazo. Falavam em “erradicar a pobreza” imediatamente. Agora, mentem a longo prazo: dizem que pretendem “reduzir a pobreza”, não mais erradicá-la, até a metade do século XXI. Dentro de mais alguns anos serão mais sinceros e dirão: “Olha, nós não estamos nem aí com sua crônica pobreza: vocês que se lixem!” Vários trilhões de dólares foram arrancados dos cofres nacionais para alegrar os nababos, banqueiros, magnatas e outros jogadores do cassino econômico-financeiro. É por isso que promovem uma ofensiva contra as organizações populares, para que não se atrevam a comandar o próprio destino. Quem é o povo para querer fazer o Estado nacional trabalhar em favor dos pobres e não para socorrer os grandes magnatas “ameaçados” pelas crises que eles mesmos criaram para lucrar ainda mais?
Alceu Sperança é escritor em Cascavel, Pr. O texto foi extraído do jornal “Gazeta de Itapoá”, edição de 9 de novembro de 2016. Para contatos com o autor: alceusperanca@ig.com.br
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