Prêmio Nobel da Paz no ano de 1980, o ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel é o convidado central do IV Fórum Social e Popular da Tríplice Fronteira, que acontece neste sábado (17), com transmissão ao vivo pela internet. Em 1985, ele esteve em Foz do Iguaçu, envolvido em outra atividade de solidariedade na fronteira. (Imagem: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil)
Era agosto de 85, Adolfo Perez Esquivel, o argentino Prêmio Nobel da Paz de 1980, veio a Foz do Iguaçu participar da 2ª Jornada de Solidariedade ao Povo Paraguaio.
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Durante dois dias exilados paraguaios e representantes de entidades defensoras dos direitos humanos vindos de vários estados brasileiros lotaram o auditório do Colégio Agrícola, para debater as formas de luta contra uma das ditaduras mais sangrentas do cone sul. Políticos e autoridades iguaçuenses primaram pela ausência naquela demonstração pública que marcou a história da cidade. Jornalistas, apenas a turma do semanário Nosso Tempo. Os demais, ah, os demais, sei lá, não importa.
Apesar de estar com a agenda cheia, requisitado que era para proferir palestras em vários países, Esquivel veio a Foz e participou ativamente das reuniões de grupo e da plenária. Brilhou nas intervenções em defesa da democracia e dos direitos humanos.
Naquele final de semana, por coincidência, estava marcada a inauguração de uma espécie de tribuna que o então prefeito Perci Lima havia construído sobre a calçada da esquina da Belarmino com a Brasil. Nas imediações reunia-se nas tardes de sábado um grupo de amigos para tomar cerveja e jogar conversa fora. E foi entre umas e outras que alguém teve a ideia de convidar Perez Esquivel para a inaugurar o lugar. Porém, nenhum dos membros da confraria se animou a ir até o Agrícola. Todos se cagavam de medo do SNI a da polícia secreta do general Stroessner. Foi então que o Jorge Figueiredo, que era assessor de imprensa da prefeitura, dispôs-se a levar o prefeito para fazer o convite.
Perci topou a parada e foi até o local onde se realizava a Jornada. Conversa vai, conversa vem e acabou convencendo o ilustre convidado dos coordenadores das Jornadas de Solidariedade. Meio em dúvida se valia a pena, mas em consideração ao prefeito da cidade, Esquivel saiu do salão do Colégio Agrícola e inaugurou o local, que alguns batizaram como “Tribuna Livre”, outros de “Garganta do Diabo”, mas que acabou sendo conhecido pelo popular nome de “Boca Maldita”.
Terminada a solenidade, o Prêmio Nobel convidou o prefeito e as demais pessoas presentes para participarem dos atos finais da Jornada de Solidariedade ao Povo Paraguaio. Educados, os membros do pequeno grupo presente na inauguração disseram que iriam em seguida. Perez Esquivel agradeceu e voltou para o encerramento do fórum antiditatorial, enquanto os “gargantudos” passaram o resto da tarde sentados no bar por conta da saideira.
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