O jogo, poema de Fábio Campana

I

A vida se gasta
menina, se esgota
se esvai.
Queima tão fácil,

é lenha no fogo,
menina.
O tempo flui,
inesgotável,
na velocidade
do fogo.

II

Deslizo,
fera enjaulada,
a percorrer
o extenso dia
da caminhada.
Olhar atento
no transparente
campo de pedras
e metáforas
anoitecidas.

III

Passado o tempo,
eu me surpreendo
a espanar a penumbra
a frustração
desnuda de cores
na fotografia.
A vida, menina,
seguiu indomável,
contrária a tudo
que prometia.

Fábio Campana, escritor, jornalista e editor paranaense. (1947 – 2021). Nasceu em Foz do Iguaçu. Viveu em Curitiba boa parte de sua vida. Militou e amou n(o) mundo.

Texto publicado em seu perfil eletrônico no Facebook pelo autor em 2017.