A Casa de Farinha do Gonzagão e A Cripta de Poe (Divulgação)
A Fundação Nacional de Artes – Funarte apresenta, na segunda semana do Festival de Teatro Virtual da instituição, os espetáculos A Casa de Farinha do Gonzagão e A Cripta de Poe. As montagens, produzidas por grupos da região Sudeste do país, serão publicadas no canal da Fundação no YouTube (www.youtube.com/funarte) nos dias 12 e 13 de agosto, às 18h30. A agenda do festival tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do País, voltadas ao público adulto e infantil. Um novo espetáculo será divulgado on-line todas as quintas e sextas, até o final de outubro. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior.
Nesta quinta-feira, dia 12 de agosto, será disponibilizada a versão digitalizada do espetáculo A Casa de Farinha do Gonzagão, da Cia Teatro da Investigação Teatro-Baile, de São Paulo (SP). A filmagem foi realizada no dia 13 de janeiro, na Sala Augusto Boal, do Teatro de Arena Eugênio Kusnet – Funarte SP, em parceria com a Companhia de Teatro Flor do Asfalto e participação do Trio Marrom.
Na história, os personagens das músicas do Rei do Baião — o instrumentista, compositor e cantor Luiz Gonzaga (1912-1989) — são transportados para uma casa de farinha, a cozinha do sertão, e lá, em sua intimidade criativa, contam seus “causos”, suas vidas. O espetáculo estreou em 2012, em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, e já teve mais de 120 apresentações, em espaços públicos e também no Teatro de Arena. A exibição física mesclava palco e plateia, além de misturar teatro, música e dança. A montagem passou por uma adaptação para continuar “viva” na internet.
“A Casa de Farinha de Gonzagão – Teatro Baile tem a interação do público o tempo todo. A gente serve comida e bebida para a plateia, que também dança na cena. É tudo junto, como se fosse um teatro-festa. Para o formato do vídeo, fizemos um ajuste para poder focar mais na história do que quando temos público”, conta Edu Brisa, responsável pela direção e dramaturgia.
A companhia desenvolve desde 2003, quando foi fundada, pesquisa continuada de experimentação cênica e dramatúrgica sobre a “gente comum do Brasil”, com apresentações em ruas, parques, tendas e praças. Tem 16 espetáculos e diversos festivais no currículo. “Temos uma forma popular de interagir com o público, que sempre se reconhece no nosso trabalho”, acrescenta Edu Brisa.
Na sexta-feira, às 18h30, será exibido A Cripta de Poe, da Companhia Nova de Teatro, também de São Paulo (SP), que completa 20 anos em 2021. As obras O Espectro, O Corvo, O Retrato Oval, Berenice, Ligeia, William Wilson e O Coração Denunciador são a base da dramaturgia do espetáculo, livremente inspirado nos textos do escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849). Concebida em formato de “palco-instalação”, com intervenções videográficas, a obra ressalta elementos de suspense e fantasmagoria, nos quais as personagens/figuras criam jogos neuróticos e obsessivos.
O espetáculo tem concepção cênica e dramatúrgica de Lenerson Polonini, fundador da companhia em parceria com a atriz e figurinista Carina Casuscelli. O grupo desenvolve pesquisa contínua a partir da performance, das artes do corpo e das artes visuais, valorizando a experimentação da dramaturgia de autor e de diversas escolas vanguardistas. Atualmente, a companhia é formada por profissionais de diversas disciplinas artísticas.
A montagem A Cripta de Poe estreou em dezembro de 2011, com a primeira temporada no Centro Cultural São Paulo, na capital paulista. Em 2012, ganhou uma versão desenhada exclusivamente para curta temporada no Castelinho do Flamengo, no Rio de Janeiro (RJ), com ingressos esgotados em todas as sessões. Em 2016, circulou por oito cidades do interior paulista. “Nesta nova versão para o Festival de Teatro Virtual da Funarte, juntamente com as projeções e vídeo mapeados do espetáculo, buscamos trazer a atmosfera do mundo fantástico e fantasmagórico de Edgar Allan Poe, acrescentando novas imagens e textos dramatúrgicos. Ao mesmo tempo, realizar a peça neste momento tão desafiador para a humanidade ressignificou todo o trabalho, possibilitando também a gravação digital em HD”, comenta o diretor Lenerson Polonini.
Edgar Allan Poe é considerado um dos precursores do conto moderno. Para a companhia, por meio dos textos de Poe, é possível reconhecer o homem contemporâneo, com seus questionamentos, alucinações e neuroses cotidianas. “Todos esses temas são matéria-prima para a criação das imagens que compõem o vídeo-cenário da peça — ‘uma cripta cênica’.”
A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020, lançado em agosto daquele ano. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias. “Ele foi elaborado em meio a pandemia como uma saída, uma alternativa de fomento à classe artística, contemplando não apenas os artistas, mas também os técnicos”, declara Renata Januzzi, coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte. Com o festival, a Fundação busca ainda estimular a democratização e acessibilidade à linguagem artística.
O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis gratuitamente para o público após a exibição.
Renata Januzzi ressalta a força histórica do teatro, que hoje enfrenta mais um desafio para se manter presente. “O teatro é uma arte milenar e vem sobrevivendo a diversas ameaças de extinção. Dentre elas, a tecnologia, que já foi uma dessas ameaças, surge agora como uma solução de fomento a uma linguagem tão artesanal.”
O festival teve início em 5 de agosto com O Homem e a Mancha (SP), encenado pelo ator, professor, produtor e diretor Marcos Breda, em texto de Caio Fernando Abreu, com direção de Aimar Labaki e fotografia de Jacob Solitrenick. No dia seguinte, foi a vez de Zapato busca Sapato, da Trupe de Truões (MG), história para todas as idades sobre um “sapato recém-nascido” à procura de seu par. Na semana que vem, quinta-feira, dia 19 de agosto, será exibido Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro, do Ginja Filmes & Produções (RJ). Na sexta, terá início a agenda da região Nordeste, seguida por grupos do Norte, Sul e Centro-Oeste do País.
Espetáculos já disponíveis::
Monólogo O Homem e a Mancha: 24 anos-luz | SP Com o ator Marcos Breda e texto de Caio Fernando Abreu Classificação: 12 anos
Espetáculo infantil Zapato busca Sapato | MG Com a Trupe dos Truões Classificação Livre
Próximos lançamentos:
Sudeste
Dia 19 de agosto | Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro | RJ Ginja Filmes & Produções
Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual Acesso gratuito, no canal: www.youtube.com/funarte
Realização Fundação Nacional de Artes – Funarte | Centro de Artes Cênicas | Coordenação de Teatro Secretaria Especial da Cultura | Ministério do Turismo | Governo Federal
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