Imagens dos projetos Museu dos Meninos (Divulgação/Evee Avila) e Ombela (Divulgação/Fernando Azevedo)
A Fundação Nacional de Artes – Funarte, na terceira semana do Festival de Teatro Virtual da instituição, exibe as montagens Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro e Ombela. A primeira, do Rio de Janeiro, oferece uma reflexão sobre quais corpos são vistos e considerados na atualidade. A segunda, de Pernambuco, faz uma busca poética a partir da ancestralidade africana, com base no mito de Ombela, que significa chuva na língua umbundo angolana. As sessões estão publicadas no , desde os dias 19 e 20 de agosto.
A agenda do festival tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do País, voltadas ao público adulto e infantil. Um novo espetáculo será divulgado on-line todas as quintas e sextas, até o final de outubro, sempre no mesmo horário. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior e podem ser acessados em: .
O espetáculo-performance Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro, de Maurício Lima, está liberado na plataforma de vídeos. Na obra, Maurício faz uma “arqueologia afetiva” de “artefatos” recolhidos na pesquisa para criação do Museu dos Meninos (www.museudosmeninos.com.br), projeto autoral do performer. A partir de desenhos, grafismos, memórias vividas e inventadas, ele chama o público a refletir sobre quais corpos são vistos e ouvidos, sobre quem tem o direito de narrar a própria história.
De acordo com Maurício Lima, o trabalho foi construído durante a pandemia, pela “urgência desses tempos”. “Diante da impossibilidade do encontro e de todas as violências advindas e potencializadas pela pandemia, nos colocamos o exercício de criar espaços de encontros, afetos e reflexão, subvertendo plataformas e dispositivos que não foram criados para o fazer teatral, e a partir dessa subversão criar uma obra que mobilize o espectador do outro lado da tela para juntos imaginarmos outras possibilidades de futuro”, explica o performer.
Será exibida a versão em vídeo do espetáculo Ombela, encenado pela primeira vez em 2014. A companhia O Poste Soluções Luminosas realiza um trabalho de busca da ancestralidade africana, com base no texto/poema épico do escritor africano Manuel Rui, Ombela, inspirado no mito de mesmo nome. Na língua umbundo angolana, ombela significa chuva. Indicado a maiores de 18 anos, o espetáculo fala sobre duas gotas que se transformam em entidades, personificando o corpo e a voz da chuva.
“Essa(s) Ombela(s) inventa(m) nascentes e desdobra(m) rios ao som do vento e a cada gota faz nascer ou morrer coisas, gente e sentimentos”, diz o grupo. O espetáculo representa os arquétipos do universo feminino e convida a refletir sobre quem somos e para onde vamos.
Além de ser interpretada em português, a obra também é falada e cantada em umbundo. “É uma satisfação participar deste festival com Ombela, porque ele vem trazendo um ineditismo em sua encenação e na sua composição”, declara Samuel Santos, diretor do grupo, chamando a atenção para os dois idiomas utilizados, no contexto da cultura afro-indígena.
Com direção musical da cantora Isaar França, encenação de Samuel Santos e interpretação de Agrinez Melo e Naná Sodré, o espetáculo ganhou prêmio especial pela pesquisa em Matriz Africana no Festival Internacional Janeiro de Grandes Espetáculos 2015.
Sobre o Festival de Teatro Virtual da Funarte A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020, lançado em agosto daquele ano. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias.
O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis gratuitamente para o público após a exibição.
O festival teve início em 5 de agosto com O Homem e a Mancha (SP), encenado pelo ator, professor, produtor e diretor Marcos Breda, em texto de Caio Fernando Abreu, com direção de Aimar Labaki e fotografia de Jacob Solitrenick. No dia seguinte, foi a vez de Zapato busca Sapato, da Trupe de Truões (MG), história para todas as idades sobre um “sapato recém-nascido” à procura de seu par. Na semana seguinte, foram exibidos A Casa de Farinha do Gonzagão e A Cripta de Poe, inspirados, respectivamente, no instrumentista, compositor e cantor Luiz Gonzaga e no escritor estadunidense Edgar Allan Poe.
Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior e podem ser acessados em: .
Monólogo O Homem e a Mancha: 24 anos-luz | SP Com o ator Marcos Breda e texto de Caio Fernando Abreu Classificação: 12 anos
Espetáculo infantil Zapato busca Sapato | MG Com a Trupe dos Truões Classificação Livre
Espetáculo A Casa de Farinha do Gonzagão | SP Teatro-Baile Produções Classificação: 10 anos
A Cripta de Poe | SP Companhia Nova de Teatro
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