A história do jogador que mais vezes vestiu a camisa do S. C. Corinthians Paulista (806) é narrada no livro “WLADIMIR – O Capitão da Democracia Corinthiana” (Ed. Letras do Pensamento), assinado pelo jornalista Hélio Alcântara. A obra será lançada oficialmente no dia 11 de dezembro, às 17h, no Museu do Futebol, na cidade de São Paulo. O evento será transmitido ao vivo via Instagram do Museu do Futebol.
Ao longo das 640 páginas, o leitor irá entender por que o ex-jogador era diferenciado na arte de ver o mundo e as relações entre atletas e dirigentes. O livro escrito por Hélio Alcântara apresenta o atleta perfeito e o ser humano com suas fraquezas, o ativista político e o sindicalista angustiado – todos concentrados no filho da Dona Diva e do “Seu” Benedito.
Como milhões de brasileiros, Wladimir nasceu pobre numa família numerosa: seis irmãos, pai-pedreiro, mãe-empregada doméstica. Querendo ser “alguém na vida”, buscou os estudos e ficou a um semestre de concluir o curso de Educação Física. Mas foi a bola de futebol que acabou lhe dando tudo.
Wladimir foi titular do Corinthians durante 12 anos e, ao lado de Zé Maria, personificou a alma corintiana. Ironicamente, nasceu santista e assim permaneceu até os 15 anos, quando fez o teste no clube do Parque São Jorge.
Embora não tenha disputado nenhuma Copa do Mundo, Wladimir viveu emoções indescritíveis com a camisa corintiana e, ao lado de Sócrates, Casagrande, Zé Maria, Eduardo e outros companheiros, conquistou pelo Timão, o jogador conquistou quatro Paulistões, em 1977, 79, 82 e 83, além de nove títulos nacionais.
Brasil – Estudou em escola pública, e foi lá que Wladimir abriu a cabeça, em plena ditadura militar. Com essa visão de mundo coliderou a Democracia Corinthiana, o projeto mais libertário de que se tem notícia no futebol brasileiro. Mas foi exatamente seu engajamento político que o afastou seguidamente da Seleção Brasileira.
“Era um jogador que pensava, e isso não interessava a quem chefiava. Além do mais, exigia dos dirigentes do futebol brasileiro o fim da Lei do Passe, que escravizava o jogador. Determinado, lutou pelos direitos trabalhistas da sua classe profissional e chegou à presidência do Sindicato dos Atletas. Tentou convencê-los de que coletivamente eles eram poderosos, metiam medo nos ‘cartolas’. Abriu a boca para condenar a ditadura militar que comandava o país e enfrentou aqueles que usavam o racismo como forma de opressão”, explica o autor do livro.
Apesar dos detalhes que vão satisfazer o torcedor corintiano e o mais fanático pelo futebol, o livro oferece mais quando fala sobre o lateral fora de campo. O pano de fundo é a estrutura da sociedade brasileira. Como o episódio em que ele, já titular do Corinthians, é barrado por policiais na rua quando caminhava ao lado da mãe.
“Ei, neguinho, cadê os documentos? Encosta aí!”, ouviu.
Quando foi reconhecido, teve de distribuir autógrafos para os integrantes da Polícia Militar. Ou o momento em que foi chutado em campo durante uma partida no Distrito federal e o adversário o desafiou: “E daí? Eu sou branco e você é negro.”
Na Democracia Corinthiana, sua voz moderadora trouxe equilíbrio aos incendiários Sócrates e Casagrande – não foi à toa que recebeu do técnico Mario Travaglini a faixa de capitão. Enquanto jogava livre e feliz, fora dos gramados se engajava na defesa das eleições diretas, contribuindo na luta pela redemocratização do país, na primeira metade dos anos 1980.
“Na época da Democracia Corinthiana, eu, Wladimir e o Magrão (Sócrates) formamos um trio de grande importância para o projeto. Aprendi e amadureci muito conversando com ele. Viramos amigos e estivemos juntos praticamente em todos os momentos importantes da vida do país naquele período, como no palanque das ‘Diretas’, em abril de 1984”, conta Casagrande.
Ele finaliza, acrescentando: “Tenho muito orgulho de ter virado amigo do Wladimir. Sabe quando você olha para trás no tempo e diz ‘eu não me vejo sem aquilo ou sem aquele alguém’? Pois é, eu olho para trás e não me vejo sem a amizade do Wladimir.”
O livro estará à venda a partir desta semana com o preço de R$ 99,00.
SERVIÇO: O que: Lançamento do livro “Wladimir, o capitão da Democracia Corinthiana” (Editora Letras do Pensamento) Quando: Sábado, dia 11/12/2021, a partir das 17h Onde: Museu do Futebol, Pacaembu, São Paulo e online No dia também haverá transmissão ao vivo via Instagram do Museu do Futebol.
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