Palmar integrou a Comissão da Verdade no Paraná e foi um dos reorganizadores do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDMP) de Foz do Iguaçu. (Foto: Marco Labanca)
. Em reconhecimento por sua atuação pelos direitos humanos e em favor da democracia, o jornalista, escritor e militante social Aluízio Palmar receberá a Medalha Chico Mendes de Resistência, homenagem de abrangência nacional. A solenidade será nesta segunda-feira, 13, às 18h, podendo ser acompanhada ao vivo em youtube.com/c/GrupoTorturaNuncaMaisRJ.
A premiação é do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro (GTNM/RJ), juntamente com outras entidades. A medalha faz homenagem a pessoas físicas e instituições nacionais ou internacionais por suas lutas na defesa dos direitos à vida e à liberdade e por uma sociedade plural, fraterna e sem torturas, reafirmando sua dignidade e sua memória.
Desde 1989, são concedidas dez medalhas anualmente, em diferentes categorias, de acordo com as áreas de atuação e lutas em prol dos direitos humanos acumuladas pelos congratulados. Entidades do Rio de Janeiro, por sua atuação militante na defesa dos direitos humanos, participam da escolha dos candidatos. .
Aluízio Palmar militou na resistência à ditadura civil-militar assim que o país sofreu o golpe em 1964. Foi preso, torturado e viveu exilado em vários países da América do Sul, procurado pelas forças de repressão. De volta ao país, na década de 1980, editou o Jornal Nosso Tempo, periódico que era uma pedra no sapato do regime fardado já cambaleante e contra os interventores na administração municipal de Foz do Iguaçu.
É autor do livro “Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?”, publicado originalmente pela paranaense Travessa dos Editores e que ganhou uma edição atualizada da Editora Alameda, de São Paulo. A obra é resultado de mais de duas décadas de pesquisas a fim de desvendar o local exato em que foram enterrados seis guerrilheiros que estavam na Argentina e foram assassinados ao entrar no país, no Parque Nacional do Iguaçu, em uma emboscada feita por militares e seus “cachorros”.
Ao elucidar os últimos dias dos militantes de esquerda, Palmar reconta a história de um país golpeado, as lutas na Região Oeste e a sua própria história de combatente por democracia. O jornalista iguaçuense, aliás, era para estar entre as vítimas da emboscada, não fosse sua intuição e senso de sobrevivência em tempos difíceis, quando campeava a violência institucionalizada de Estado.
Palmar integrou a Comissão da Verdade no Paraná e foi um dos reorganizadores do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDMP), entidade que presidiu até o início de dezembro deste ano. Pesquisador, mantém o portal Documentos Revelados, um dos mais abrangentes acervos documentais no país sobre o período ditatorial, fora do âmbito governamental.
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