– Um poema de Giane Lessa –
Mapa
Desenho minucioso do controle de um mundo inventado
Marca que se pretende indelével e sin embargo
Desmancha-se à noite, à tarde e pela manhã
Incessantemente
A cada dia
Nas areias
Desmancham-se os sulcos na terra
Mar corrosivo da minha existência que teima
Ácidas gotas da chuva que leva todas as pegadas
Obrigando-te a refazer o mapa
Meticuloso controle da minha vida
Que te escapa a cada onda, a cada vento, a cada gota
E volta
Não contente
O desenho é cravado na carne
Que, sin embargo, se regenera
Não satisfeito
Você o redesenha na minha mente
Forja meu cérebro
Risca
Grafa
Para tua surpresa
Minha memória salta
Mais alta, cáustica
E não há ferro nem aço que a apague
Nem a morte
Nem a vida
Minha história, meu mundo, meus filhos
Meu olhar te cega e cospe
Você não escapa da tua própria sombra
Que te apunhala
No teu sono
Na tua vigília
Na tua mesa de jantar
Giane Lessa é professora universitária em Foz do Iguaçu, Pr.
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