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O comboio que transporta as elefantas cruza a Ponte da Fraternidade (Foto: Global Elephants)
Conexão Planeta – 9 de maio de 2022 – Suzana Camargo
É uma viagem de mais de 3 mil km, mas mãe e filha estão bem, sendo acompanhadas o tempo todo por câmeras e a equipe que viaja com elas de Mendoza, na Argentina, até o Santuário de Elefantes Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Pocha, de 55 anos, e Guillermina, com 22 anos, são duas elefantas asiáticas que viviam num “recinto” de um ecoparque na cidade argentina: na verdade, um fosso, totalmente de concreto, sem vegetação alguma. O animal mais jovem nasceu ali.
As negociações para a transferência das duas para o santuário brasileiro já dura alguns anos. Foi atrasada pela pandemia e também, por entraves burocráticos. Mas finalmente, no sábado, 07/05, após meses de treinamento para Pocha e Guillermina se sentissem confortáveis com suas caixas de transporte individuais, mãe e filha começaram a jornada rumo ao novo lar, um área de natureza de mais de 1 mil hectares, onde elas viverão livres.
Pocha chegou ao ecoparque da Argentina em 1968, vinda da Alemanha. Guillermina só conheceu até hoje as paredes de cimento do lugar onde passou as últimas duas décadas de sua vida.
Poncha e Guilhermina viviam num fosso de concreto.
“Na natureza, as elefantes fêmeas vivem em uma sociedade matriarcal e a maternidade pode ser um esforço de grupo. Pocha, no entanto, enfrentou a realidade da maternidade sozinha. Ela carregou Guillermina por 22 meses e deu à luz no recinto que é um fosso – sem nada e sem outros elefantes para ajudar. Pocha é uma mãe notável, e o fato de Guillermina ser tão bem ajustada é uma prova de sua paciência e força. Pocha trouxe estabilidade para suas vidas em Mendoza”, escreveu o Santuário em suas redes sociais.
Pocha e Guillermina já estão a caminho: vindas da Argentina, serão as novas moradoras do Santuário de Elefantes Brasil
A equipe da organização acredita que Guillermina precisará de tempo para se ajustar a todos os novos estímulos ao seu redor. “É emocionante pensar em Guille experimentando o mundo natural pela primeira vez, mas estamos emocionados por Pocha testemunhar sua filha aprender coisas que Pocha provavelmente nunca pensou ser possível; ela saberá que elas conseguiram. Pocha terá novas oportunidades e também poderá ver sua filha crescer e vivenciar o mundo natural, que é comovente de se pensar. Prevemos os momentos especiais para ela tanto quanto para Guillermina”.
No santuário, mãe e filha terão a companhia de outras cinco elefantas, todas resgatadas também após anos vivendo em circos ou zoológicos: Maia, Rana, Lady, Mara e Bambi.
O pai de Guillermina é Tamy, de 50 anos, que na imagem acima aparece ao lado atrás de uma grade, separado da família. Ele não pode ser trazido para o Brasil porque não há ainda uma área para machos
O SEB é o sexto santuário de elefantes do mundo e primeiro da América Latina. É fruto da parceria de duas organizações internacionais – a Global Sanctuary for Elephants (GSE), do Tenessee, nos Estados Unidos, e a ElephantVoices – ambas dirigidas por renomados especialistas.
A iniciativa se deve também à paixão por elefantes de uma brasileira, Junia Machado. Ela representa a ElephantVoices no Brasil e se uniu à Scott Blaiss – que tem mais de 20 anos de experiência no manejo de elefantes africanos e asiáticos em zoos, circos e em santuários e é o fundador da GSE – para tocar o projeto.
A reserva não é aberta ao público, pois não é um zoológico. Ela tem como única missão proteger, resgatar e prover um santuário de ambiente natural para elefantes em cativeiro
O santuário está realizando uma campanha de boas-vindas para a Pocha e Guillermina, que garantirá 2 meses de todas as refeições, lanchinhos e guloseimas para elas. Você pode fazer sua doação através de contato com a direção do santuário.
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