.
Pesquisadores vistoriaram áreas na margem argentina do Rio Iguaçu – Imagem: Argentina Forestal.
Por Guilherme Wojciechowski – H2FOZ
Pesquisadores da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), da Argentina, localizaram, em trechos de mata na margem argentina do Rio Iguaçu, nas proximidades das Cataratas, artefatos arqueológicos que podem ter até dez mil anos de idade, como restos de fogueiras, ossos e fragmentos de cerâmica.
As descobertas feitas pela equipe do arqueólogo Eduardo Apolinaire foram reveladas ao público pelo chefe do Parque Nacional Iguazú, Atilio Guzmán, em entrevista ao portal Argentina Forestal, da jornalista Patricia Escobar. Segundo Guzmán, após a conclusão dos estudos, a ideia é reunir os achados em um museu para contar a história da presença humana na região.
“Há muitas histórias que ainda não foram contadas em relação ao Parque Nacional Iguazú. A ideia do museu é conversada há tempos com diversos atores, tendo como base pequenos objetos e artefatos que foram encontrados e estavam sendo guardados no parque, mas sem destino concreto”, afirmou.
Panorama de alguns dos achados – Imagem: Argentina Forestal / Parque Nacional Iguazú.
“O que aconteceu é que em abril fomos visitados por um arqueólogo da UNLP, e sua passagem pela área resultou em descobertas muito interessantes, já que nas escavações no terreno foram encontrados assentamentos guaraníticos, restos de cerâmicas e outros artefatos que, presume-se, poderiam ser anteriores aos guaranis. Estamos falando de dez mil anos atrás, e tudo isso precisa ser investigado”, adiantou o diretor do parque.
Pesquisas anteriores, realizadas no vale do Rio Paraná no período prévio à formação do Lago de Itaipu, apontam para a presença de seres humanos há pelo menos oito mil anos na região fronteiriça. Os povos de raiz guarani, por sua vez, teriam chegado há cerca de dois mil anos, como parte da busca pela “Terra Sem Males”, iniciada na Amazônia.
Revisão
De acordo com o Argentina Forestal, fragmentos de cerâmica e outras peças com potencial arqueológico, encontrados ao longo dos anos por guardas-florestais, foram encaminhados à equipe de investigação em 2019. Com base nessas primeiras descobertas, foram feitas as escavações em abril, cujos achados foram levados para análise na UNLP.
“No parque, começamos a detectar muitos lugares onde havia esses restos”, disse o coordenador do trabalho, Eduardo Apolinaire, citado pelo portal. “Muitos desses restos estavam dispersos nas margens e em superfícies, e outros estavam incorporados dentro dos sedimentos.”
Equipe em trabalho de campo no lado argentino das Cataratas – Imagem: Argentina Forestal / Parque Nacional Iguazú
“Fizemos pequenas escavações para ver que materiais apareciam, já que, principalmente nessa etapa, a questão é recuperar alguns restos como carvão ou ossos, que nos permitem fazer datações para saber sua antiguidade. Ao estar em uma área protegida, o material está em condições muito boas”, frisou.
Um dos locais onde houve o achado de artefatos é a área do Puerto Macuco, próximo ao ponto de onde saem os barcos que fazem os passeios no lado argentino das Cataratas. Para ler a reportagem e as entrevistas (em espanhol), na íntegra, clique aqui.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.