Nova presidenta da Funarte foi escolhida pela ministra da Cultura, Margareth Menezes – Reprodução
. A atriz, gestora e vereadora (PT) licenciada em Salvador Maria Marighella assumiu, nesta terça-feira (7), a presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte). A indicação está publicada na edição de hoje no Diário Oficial da União (DOU). Conforme havia reportado a RBA, ela havia sido escolhida pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, ainda no mês passado. Ela fez parte do grupo de transição que analisou a situação da cultura no país e ajudou a elaborar o relatório sobre a política nacional para as artes.
. Maria Marighella volta ao órgão – responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento das diversas formas de artes, visuais, musicais, corporais, teatro, circo –, com o desafio de “refundá-las”. Ex-coordenadora da teatro da Funarte, ela foi exonerada do cargo em 2016, depois do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Agora, assume o comando da fundação como a “grande responsabilidade” de ser a primeira nordestina a ocupar a presidência. “Refundaremos também a Funarte, com a força da cultura de todo o Brasil”, publicou a gestora em seu Twitter.
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. Além das credenciais profissionais, Maria Marighella é neta do escritor, político e guerrilheiro Carlos Marighella, fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN). Ele chegou a ser considerado o “inimigo número um” da ditadura civil-militar e acabou assassinado pelo regime em 1969. Ela é filha de Augusto Marighella, também preso político pela operação Radar, em Salvador, comandada por Carlos Alberto Brilhante Ustra. O único militar brasileiro reconhecido como torturador pela Justiça, mas homenageado diversas vezes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). .
. Da gestão anterior, Maria Marighella também herda uma Funarte reduzida à operação de recursos vindos da lei de fomento e das emendas parlamentares, longe de sua função original de promotora de políticas públicas. Para a recuperação institucional do órgão, a nova presidenta também de lidar com um orçamento aquém do necessário. Houve uma queda de 56,7%, entre 2011 e 2022, segundo dados do sistema Siga Brasil. O governo Bolsonaro ainda cancelou 11 editais, depois de um corte de R$ 2,7 milhões, somente em 2022.
. A sede do Centro de Documentação e Pesquisa da Funarte também precisou ser interditado em 2021 por problemas estruturais. O órgão ainda sofreu a tentativa do ex-ministro da Economia Paulo Guedes de leiloar o Palácio Gustavo Capanema, sede da Funarte e reconhecida como uma joia do Modernismo no centro do Rio de Janeiro. Para este ano, com o novo governo Lula, a fundação tem previsto orçamento de R$ 107 milhões.
. A ideia, conforme detalhou Maria Marighella em entrevista ao jornal O Globo, é agir de forma imediata nos principais problemas, como a questão da preservação e da digitalização dos acervo. A nova presidenta quer que a instituição volte à sua sede histórica. Assim como recupere seu prestígio institucional. “Frente ao ataque dos últimos anos, construiremos políticas robustas para as artes. Viva a cultura e a arte do Brasil!”, acrescentou Maria Marighella em suas redes.
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