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. Em meados do século XIX, a população negra seguia construindo seus espaços na cidade de São Paulo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos conseguira construir a Igreja do Rosário, e em torno dela promovia celebrações com grande presença africana.
A área de matas conhecida como Campos do Bexiga, em torno do córrego Saracura, um refúgio para fugitivos da escravidão, já se transformava em base de uma comunidade negra. Graças ao trabalho escravo, o café enriquecia a cidade, mas nas fazendas surgiam mais e mais quilombos, mais e mais rebeliões…
. Ainda que o poder estivesse totalmente nas mãos dos homens brancos (vários deles nem tão brancos assim…), nas ruas milhares de pessoas negras – escravizadas ou livres – trabalhavam em diferentes ofícios – carregadores, lavadeiras, quitandeiras e outros. Entre essas pessoas estava Tiodora, uma mulher escravizada que procura, através da palavra escrita, alcançar sua alforria. O livro, publicado pela Editora Veneta, inspira-se nesse momento.
Uma história emocionante, baseada em fatos reais, em uma edição rica em materiais de apoio, que inclui textos das historiadoras Maria Cristina Cortez Wissenbach e Silvana Jeha, uma cronologia da luta abolicionista em São Paulo e, pela primeira vez, a reprodução integral das cartas de Tiodora! .
Mukanda, segundo o “Dicionário Kimbundu-Português” de António de Assis Junior, significa carta. O autor partiu do livro “Sonhos africanos, vivências ladinas: Escravos e forros em São Paulo”, da historiadora Cristina Wissenbach, para criar a HQ. .
A nova obra de Marcelo D’Salete, Mukanda Tiodora joga luz sobre a São Paulo da década de 1860. Época em que circulavam nos corredores da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco não apenas as ideias abolicionistas, mas também intelectuais negros como o aluno Ferreira de Menezes e esse vulcão chamado Luiz Gama, que ousava enfrentar o escravismo nos tribunais e também em publicações como o Diabo Coxo, que fundou com Angelo Agostini, pioneiro dos quadrinhos brasileiros. .
Marcelo D’Salete é um dos principais quadrinistas da atualidade no Brasil. Seus quadrinhos Cumbe e Angola Janga (ambos saíram pela editora Veneta), bastante premiados, deram início a uma fase da sua obra em que conta episódios históricos da escravidão brasileira misturados à ficção no formato de HQ. O primeiro trata de pequenos contos sobre escravizados no Brasil e o segundo explora a trajetória do famoso Quilombo dos Palmares.
O livro pode ser adquirido diretamente com a editora. Acesse, aqui.
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