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Do portal GZH / Fernanda Polo
É besteira falar que jovens não leem. E se a afirmação é verdade na atualidade — conforme Regina Zilberman, professora de Literatura da UFRGS especializada em literatura infantojuvenil —, imagine quando smartphones, streaming e redes sociais eram uma realidade longínqua. Naquela época, um dos maiores aliados da imaginação das crianças e dos adolescentes eram os livros. Dentro daquele contexto, uma das coleções literárias que mais impactaram os jovens brasileiros foi a Série Vaga-Lume, que em 2023 completa 50 anos formando e influenciando leitores e autores. Após cinco décadas e com duas adições recentes ao catálogo, a coleção segue com o propósito de estimular as crianças e jovens a ler (veja depoimentos de escritores que foram leitores da coleção).
— A série formou um contingentes de leitores, muita gente, e influenciou outros autores que foram aparecendo a partir daí, que não publicaram pela Vaga-Lume, mas vieram a ter importância na literatura. Fomentou tanto a formação de leitores quanto de escritores — explica a professora Regina, citando Pedro Bandeira e João Carlos Marinho como exemplos.
Os livros da Vaga-Lume tinham em torno de 120 páginas, ilustrações e um suplemento didático com atividades — uma atração a mais, que estimulava a circulação nas escolas, segundo Regina. Porém, apesar do foco no público escolar (com idade entre 10 e 14 anos), os livros não circulavam apenas nesse espaço. Ao todo, 106 títulos foram publicados.
A Ilha Perdida, de Maria José Dupré (o mais vendido, com mais de 5 milhões de exemplares) O Mistério do Cinco Estrelas, de Marcos Rey Um Cadáver Ouve Rádio, de Marcos Rey O Escaravelho do Diabo, de Lúcia Machado de Almeida A Turma da Rua Quinze, de Marçal Aquino Meninos Sem Pátria, de Luiz Puntel Tráfico de Anjos, de Luiz Puntel O Caso da Borboleta Atíria, de Lúcia Machado de Almeida Deu a Louca no Tempo, de Marcelo Duarte Açúcar Amargo, de Luiz Puntel A Guerra do Lanche, de Lourenço Cazarré Menino de Asas, de Homero Homem
Conforme Jiro Takahashi, editor dos livros da Vaga-Lume de 1973 a 1984, a editora logo percebeu uma necessidade de preços acessíveis — os livros nunca poderiam custar mais do que uma revista semanal.
O auge da Série Vaga-Lume foi nos primeiros anos da década de 1980. De um lado, a coleção recuperou obras de Lúcia Machado de Almeida, Maria José Dupré e autores que foram revitalizados, sobretudo nos anos iniciais. Por outro, também revelou grandes escritores.
O autor mais popular, que era originariamente roteirista e escritor de livros para adultos, foi Marcos Rey. Com suas histórias sobre vida urbana e policialescas, tornou-se um best-seller. O escritor foi o que mais publicou livros pela série — foram 16 títulos, entre eles O Mistério do Cinco Estrelas (seu primeiro, com cerca de 2 a 3 milhões de exemplares vendidos) e Um Cadáver Ouve Rádio.
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