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Nyg Kuitá, cineasta Kaingang – Foto: Reprodução/Facebook Rede Katahirine
. Divulgar, dar visibilidade à produção audiovisual indígena feminina e fortalecer a luta dos povos originários por meio do cinema. Esses são os objetivos da Katahirine, primeira rede de mulheres indígenas cineastas do Brasil. Lançada no final de abril, a rede já une 75 mulheres de 32 etnias, entre elas, Nyg Kuitá, cineasta Kaingang e acadêmica do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Paraná (UFPR) da Terra Indígena Apucaraninha, em Tamarana, no Paraná. .
Nyg Kuita é mulher Kaingang da Terra Indígena Apucaraninha, no norte do Paraná. Indígena pesquisadora, é co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), colaboradora da APIB e assessora projetos da COMIM. Atualmente, cursa Serviço Social na UFPR. É mãe da Kygvãn e do Fágtãn. .
Nyg é jovem liderança Kaingang da T.I de Apucaraninha (PR), do coletivo Nen Ga. Atuou ao lado de Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber Kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann e Vini Albernaz, na produção da obra “Ga vī: a voz do barro” (2021). .
Acesse, aqui, “Ga vī: a voz do barro”.
. Rede
Até o momento foram mapeadas 75 cineastas indígenas no país. Contudo, fazem parte desta constelação, a Rede Katahirine, 57 cineastas: 15 da Amazônia, 7 da Caatinga, 16 do Cerrado, 18 da Mata Atlântica e 1 do Pampa. O único bioma sem representação (ainda) é o Pantanal. . Composta por mulheres que atuam nas áreas do audiovisual e da comunicação, a Katahirine (palavra da etnia Manchineri que significa constelação) é uma rede aberta e coletiva, criada a partir da atuação do Instituto Catitu. “O audiovisual tem sido uma ferramenta de luta das mulheres indígenas. As produções cinematográficas têm contribuído para que elas reivindiquem direitos, denunciem retrocessos e ocupem seu espaço na sociedade indígena e não indígena”, destaca Mari Corrêa, diretora do Catitu e responsável pela coordenação da rede. . Embora, nesse primeiro momento, o mapeamento das cineastas indígenas tenha como foco o território brasileiro, a ideia é abarcar produtoras audiovisuais de povos originários de outros países da América Latina. No futuro, a rede também planeja promover encontros entre as realizadoras de todo o país e organizar mostras. A Katahirine atuará ainda no desenvolvimento de estratégias de fortalecimento do audiovisual indígena e na proposição de políticas públicas que atendam a produção do cinema feito por mulheres indígenas. . Acompanhe a Katahirine por meio das redes sociais (Facebook e Instagram) ou pelo site da rede. . “Acreditamos que a rede poderá ser uma importante ferramenta de conhecimento e diálogo entre nós e com o público, e também uma referência para pesquisas sobre o cinema indígena feminino”, informa o texto de apresentação da rede. “Nosso trabalho aborda questões centrais dos nossos povos, como a recuperação das memórias históricas, a reafirmação das identidades étnicas, a valorização dos conhecimentos tradicionais, das línguas e do papel das mulheres nas nossas sociedades.” Quem faz a Rede Katahirine
Na coordenação da Rede Katahirine estão a cineasta, diretora e fundadora do Instituto Catitu, referência na formação de cineastas indígenas no Brasil, Mari Corrêa; a educadora popular, artista visual e cineasta, doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Sophia Pinheiro; e Helena Corezomaé, da etnia Balatiponé, jornalista e assessora de comunicação do Instituto Catitu, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), escritora, repórter, editora e fotógrafa. Natali Mamani, da etnia Aymara, é comunicadora, videoartista, cineasta, jornalista e assistente de coordenação da rede.
. A Katahirine também conta com um Conselho Curador, formado majoritariamente por mulheres cineastas e pesquisadoras de povos originários de diferentes etnias, para garantir a participação indígena nas tomadas de decisão, promover articulações para incidência em políticas públicas que beneficiem a produção audiovisual das mulheres indígenas, elaborar e propor critérios da curadoria das cineastas e das obras, propor debates sobre temas relevantes para o coletivo e estabelecer diretrizes para o desenvolvimento das atividades da rede. .
Atualmente, são parte do Conselho Curador as cineastas indígenas Graciela Guarani, da etnia Guarani Kaiowá, que dirigiu o projeto “Falas Da Terra” da TV Globo (2021 e 2023); Patrícia Ferreira Pará Yxapy, da etnia Mbyá-Guarani, diretora com passagens em Lisboa, Nova York e Berlim; Olinda Wanderley Yawar Tupinambá, da etnia Tupinambá/Pataxó Hã-Hã-Hãe, codiretora do “Falas Da Terra” que já produziu e dirigiu 10 obras audiovisuais independentes; e Vanúzia Bomfim Vieira, do povo Pataxó, mestre em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e diretora do longa-metragem “Força das Mulheres Pataxó da Aldeia Mãe” (2019). Mari Corrêa, Sophia Pinheiro e Helena Corezomaé também são conselheiras.
Instituto Catitu
O Instituto Catitu é uma organização que atua junto aos povos indígenas para o fortalecimento do protagonismo das mulheres e jovens indígenas na defesa de seus direitos por meio do uso de novas tecnologias como ferramentas para expressar, transmitir e compartilhar conhecimentos a partir de suas visões de mundo. Acesse também o canal do Instituto Catitu no Youtube, aqui.
Apoio
A Rede Katahirine recebe apoio da Fundação Ford através do Projeto Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas, da Rainforest Foundation Noruega por meio do projeto Aliança dos Povos Indígenas e Extrativistas pelas Florestas do Acre, e do Fundo de Direitos Humanos dos Países Baixos através do projeto Rede de Comunicação das Mulheres Pataxó.
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