SE
se pudesse, enfim, alçar vôo
tão implacável
a vida, largo fio de cobre no osso, impõe diariamente sua concretude os homens-relógios seguem a rotina beijam e sentem o sabor da mesmice sustentam o amor por suas casas
de plástico
ah, se pudesse, enfim, alçar vôo o desejo não seria vizinho da culpa e nenhum afeto seria moeda de troca
nossos corpos aboliriam o subjuntivo e a longa espera, inócua, pelo som dos violões
sem corda
________________________________ Gabriel Cortilho é professor de História, poeta e músico em Araraquara, SP. Poema publicado na revista Escrita 47.
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