. . A respeito de como guardar os livros nas estantes, a professora Marisa Midori recomenda o livro – “pequeno e precioso” – de Roberto Calasso, Como Organizar uma Biblioteca, título que acaba de ser publicado pela Companhia das Letras. “O título do livro remete ao ensaio de abertura, publicado originalmente em 2018, em uma edição não comercial da Adelphi. Só de ler esta informação fiquei morrendo de vontade de ter uma edição desta! Em Os Anos das Revistas (um dos três textos que encorpam o volume), lembramos com saudades das revistas literárias, das revistas acadêmicas, que buscavam traduzir as questões, os embates e as aspirações de um determinado grupo […] como pensar a existência dessas revistas dentro de um sistema impessoal de submissão de artigos? Sim, Calasso tem razão. O tempo das revistas passou. Em breve, a crer nos números preocupantes do mercado editorial brasileiro, também as edições universitárias chegarão ao fim”, provoca a colunista. .
. Como Organizar uma Biblioteca também abre espaço para questões editoriais, o que remete justamente aos dois últimos capítulos do livro: Nascimento da resenha, publicado pela primeira vez no jornal italiano Corriere della Sera, em 19 de julho de 2016. “Assim como as revistas, é difícil não ler o texto com certa nostalgia. Afinal de contas, tornaram-se cada vez mais raras as boas resenhas. O que é uma grande pena, não apenas para os leitores que se sentem órfãos desse gênero, se é que posso dizer assim, mas também para a formação de muitos leitores que se converteram, no passado, em resenhistas e, não raro, em excelentes escritores. Resenhas são verdadeiras escolas de redação e estilo”, apregoa Marisa.
. Por fim, a obra se encerra com o texto Como Organizar uma Livraria, fruto de um discurso pronunciado em 25 de janeiro, em Veneza, texto que, nas palavras da autora desta coluna, “apresenta-se como um guia útil e muito perspicaz para os candidatos a livreiros, mas também a alguns livreiros um pouco perdidos no ramo. Para estes, eu deixo uma dica importante, tirada do livro de Calasso: ’Os livros são seres autossuficientes, não requerem nada por perto, ou, no máximo, uma xícara de chá ou de café”.
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