O ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liminar contra uma lei aprovada pela Câmara Municipal de Paranaguá, que proibia o ensino e discussão sobre gênero e orientação sexual nas escolas do município. A lei foi aprovada na esteira do movimento deflagrado por parlamentares ligados a igrejas evangélicas em todo o país contra a chamada “ideologia de gênero”. A proibição desse tipo de discussão nas escolas foi aprovada na votação do Plano Municipal de Educação de Paranaguá, a exemplo do que aconteceu com os planos de educação de outros municípios e estados, incluindo Curitiba e Paraná. A decisão do STF pode atingir outras leis que instituíram esses planos excluindo a discussão sobre gênero, por pressão das bancadas evangélicas, como aconteceu na Assembleia Legislativa paranaense e na Câmara Municipal de Curitiba. A decisão de Barroso atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República, que teria protocolado sete ações no STF, no último mês, contra leis municipais que proíbem conteúdos relacionados à sexualidade e gênero nas escolas. Segundo o jornal O Globo, na decisão, Barroso considerou a lei de Paranaguá inconstitucional, porque somente a União teria competência para legislar sobre diretrizes educacionais e normas gerais de ensino. O ministro apontou ainda que a lei impediria o acesso a conteúdos sobre uma dimensão fundamental da experiência humana e para a vida em sociedade, o que viola o princípio constitucional da proteção integral da criança e do adolescente. “Não tratar de gênero e de orientação sexual no âmbito do ensino não suprime o gênero e a orientação sexual da experiência humana, apenas contribui para a desinformação das crianças e dos jovens a respeito de tais temas, para a perpetuação de estigmas e do sofrimento que deles decorre”, diz Barroso na decisão. “Por óbvio, tratar de tais temas não implica pretender influenciar os alunos, praticar doutrinação sobre o assunto ou introduzir práticas sexuais. Significa ajudá-los a compreender a sexualidade e protegê-los contra a discriminação e a violência”, avaliou.
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.