Projeto PAIS propõem o desenvolvimento de técnicas consorciadas que podem fortalecer a agricultura familiar e manter um melhor equilíbrio ecológico – Foto: arquivo PAIS.
Reportagem especial de Denise Paro para Guatá. Um sistema de plantio que agrega produção de hortaliças e criação de aves em um só espaço tornou-se vitrine de uma tecnologia social para geração de renda. Chamado PAIS – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, o modelo é desenvolvido no campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, em Santa Helena, a 120 quilômetros de Foz do Iguaçu.
A tecnologia consiste em três canteiros concêntricos que agregam diferentes tipos de culturas: hortaliças, galinheiro – situado na parte central – e uma área para a pastagem de aves. A estrutura, que tem um sistema de irrigação por gotejamento, busca a autossuficiência alimentar das famílias do campo, além da geração de renda por meio da comercialização de alimentos que são livres de fertilizantes industriais e agrotóxicos.
O PAIS tem uma área de 700 metros quadrados reunindo diversas espécies de hortaliças, plantas condimentares e medicinais, incluindo alface, rúcula, almeirão, cenoura, beterraba, cebolinha, salsinha, coentro, ervilha, couve flor, nabo, rabanete, manjericão, tomilho e manjerona. Também conta com cultivo de abóbora, melancia e melão e frutíferas perenes na área denominada ‘quintal agroecológico”.
Professora responsável pelo projeto, Ana Regina Ziech chama atenção para a integração do sistema. “A integração é considerada essencial para a sustentabilidade do sistema e se caracteriza pelo uso do esterco do galinheiro nos cultivos, e também pela utilização de hortaliças que seriam descartadas, para alimentação das aves”, diz.
Para ela, o sistema tem potencial para ser implantado na agricultura familiar e comunidades indígenas da região Oeste. A ideia é que essa população não se torne dependente de compras em supermercado e se alimentem de modo saudável.
Atualmente, 15 alunos do curso de agronomia participam diretamente do projeto que tem caráter de extensão e foi iniciado em 2020. Outros 50 estudantes, das disciplinas de Agroecologia e Olericultura, também atuam em caráter eventual. O PAIS também serve como modelo de ensino para o curso de ciências biológicas.
Frequentemente a instalação recebe visita de alunos de escolas públicas, agricultores e famílias de toda região.
Maria Luiza Bet, estudante de Agronomia, participa da colheita de alface: “Me interessei pelo projeto porque sou de uma família que já cultiva alimentos de forma orgânica e natural.” – Foto: arquivo Projeto PAIS.
Bolsitas da Fundação Araucária, uma das alunas do projeto é Maria Luiza Bet. Ela diz que se interessou no trabalho porque é de uma família que já cultiva alimentos de forma orgânica e natural. “Estou aprendendo muitas coisas e principalmente colocando em prática na chácara dos meus pais. É importante que os alunos do curso de agronomia vejam que a produção orgânica também é super valorizada. Me sinto lisonjeada em participar do projeto PAIS”, conta.
Idealizado e proposto pelo engenheiro agrônomo senegalês Aly Nadjae no final da década de 1990, o PAIS teve a primeira unidade instalada em uma propriedade de agricultura familiar em Petrópolis (RJ). Em 2005, a proposta recebeu apoio da Fundação Banco do Brasil e do Sebrae com a finalidade de difusão em algumas regiões de agricultura familiar.
Para acompanhar o desenvolvimento do Projeto PAIS, acesse, aqui.
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