Ilustração da capa de Abayomi, a menina de trança – Imagem: divulgação
A arte-educadora e artesã Aniete Abreu presta sua contribuição ao movimento de empoderamento infantil e de busca pela ancestralidade africana no livro Abayomi, a menina de trança, publicação da Hanoi Editora pelo selo Hanoi Kids. A obra narra a jornada de uma menina negra que recebe a missão de proteger a natureza com a ajuda de amigos como o beija-flor Benedito e a borboleta Zabelê.
Para concluir sua tarefa, a pequena viaja até a cidade de Tietê, em São Paulo, onde interage com grandes personalidades negras. Dentre elas, destaca-se o músico Itamar Assumpção, figura importante da cultura popular brasileira, responsável por composições de sucesso de Cássia Eller e Zélia Duncan.
A reconexão com os ensinamentos ancestrais está presente até no nome da protagonista, que na língua iorubá significa “encontro precioso”. Abayomi também é a maneira como se chamavam as bonecas que confortavam as crianças dentro dos navios negreiros, confeccionadas a partir de nós e retalhos das saias das mães escravizadas.
Desde 2015, Aniete Abreu ministra oficinas de bonecas Abayomi para promover o resgate da herança da diáspora africana e valorizar as contribuições da população negra, muitas vezes ignorada e invisibilizada em comparação a outros grupos. Os brinquedos são produzidos com materiais de descarte de empresas têxteis, evidenciando a preocupação socioambiental da autora.
Mesmo quando dados do IBGE apontam que que 56% da população se autodeclarara preta e parda, o Brasil segue como um país racista. Prova disso, é o aumento de mais 50% nas denúncias de racismo e injúria racial, segundo a edição mais recente do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Ao abordar a importância da diversidade e do combate ao preconceito racial, a obra contribui para o desenvolvimento de valores como apreço pelas artes, cuidado com o meio ambiente e reverência pela ancestralidade. Com muita leveza, a história estimula o orgulho, promove o autoconhecimento e ajuda a fortalecer o senso de pertencimento dos pequenos.
Abayomi, a menina de trança abre portas para a compreensão de questões étnico-raciais, inspirando a luta por respeito, aceitação e igualdade. É um convite para que pais, mães, familiares e educadores incluam as crianças em conversas sobre a importância do resgate histórico e da educação antirracista, temas fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Aniete Abreu é arte-educadora, artesã, militante do movimento negro e contadora de histórias. É responsável pelo processo de revitalização da cultura da umbigada em Tietê (SP), ministra oficinas de bonecas Abayomi em que são utilizados resíduos industriais de fábricas da região.
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