A venezuelana María Betania Hernández, mestra e compositora, é a convidada do Ciclo de Concertos e “Charlas” Musicais, projeto desenvolvido pelo curso de Música da Unila, em Foz do Iguaçu. María Betania desenvolverá sua apresentação didática a partir do tema “Canta nación con nación. El son jarocho y el joropo llanero (*), uma aproximação comparativa”. A atividade se desenvolverá quinta-feira (7), na Sala Sahyan do campus Jardim Universitário da Unila. Aberta para a comunidade em geral, é de acesso gratuito com início marcado para 19 horas.
Ciclo de Concertos e Conversas Musicais, projeto de extensão da Unila, recebe apoio de outros dois projetos desenvolvidos na área da música daquela Universidade: os “Seminários de apreciação musical e história da música na América Latina” e o “Curso Preparatório de Canto”.
O son jarocho é um estilo musical mexicano praticado em Veracruz, estado mexicano localizado no Golfo do México. Já o Joropo llanero é um estilo musical marcante da Venezuela, tendo influências africanas e europeias. María Betania Hernández Jimenez estuda e argumenta sobre a proximidade de tais expressões.
“O Son Jarocho do México e o Joropo Llanero da Venezuela são duas expressões musicais que mostram características comuns, como resultado de um processo histórico que as irmana. Ambas têm suas raízes principais no fandango, gênero que cruzou o oceano Atlântico para Europa e retornou à América, gerando várias manifestações musicais e de dança durante a era colonial, tanto na América quanto na Península Ibérica”, diz a compositora venezuelana.
Segundo María Betania, no Grande Caribe sempre houve trocas musicais, de modo que o fluxo de estéticas tem sido permanente. A irmandade dentro do fenômeno fandangueiro é manifesta em aspectos musicais como ritmo, harmonia, timbre, entre outros. Sua conversa no Ciclo promovido pela Unila tratará de singularidades desse fenômeno.
“Para realçar as semelhanças e as diferenças que unem ou separam as características identificáveis selecionamos dois exemplos: o Buscapies (Son Jarocho) e Seis Numerao (Joropo Llanero). Ambos compartilham o mesmo padrão de acordes e são um exemplo de consanguinidade rítmica com sotaques específicos. Neste sentido, uma análise musical comparativa das formas mencionadas será apresentada”, conclui a musicista e mestra.
María Betania Hernández, compositora e multi-instrumentista venezuelana, nasceu em Calabozo, Estado Guárico, em 1993. Entre os anos de 2002 e 2012 cursou estudos musicais na Orquestra Sinfônica Juvenil “Raimundo Pereira”, sendo o violino seu instrumento principal. Neste período realizou turnês por Cuba e Alemanha como violinista do grupo de câmara “Aramac”. Em 2012 ingressou na Universidad Nacional Experimental de las Artes (UNEARTE), onde obteve o título de bacharel em Música com ênfase em composição.
Em 2014, junto a Leandro Limonghi, Daniel Oropeza e Gabriel Delgado (colegas compositores), fundou o Círculo Criativo de Música Contemporânea (CCMC), instituição que tem por objetivo promover a música contemporânea na Venezuela. Nesta organização atuou como Produtora Artística, Compositora e Instrumentista. Suas composições, das quais se destacam: Secuencia Imaginativa No. 1 (trio de cordas), Movimiento (violino solo), Reaccionario No. (maracas e eletrônica), Otoño (violão e flauta), foram estreadas em diferentes salas de Caracas e no Bard College do Estado de Nova York, Estados Unidos.
Em 2021 obteve o título de mestra em Estudos Latino-Americanos pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana. Além da sua atividade como compositora, se desenvolveu em diversas disciplinas musicais: realizou a especialização em Direção Orquestral na Universidad Central de Venezuela; estudou cuatro solista e acompanhante com os professores Héctor Molina e Andrés Cartaya, atuando como cuatrista do grupo de música venezuelana do professor Cartaya; toca maracas venezuelanas, instrumento com o qual estreou as obras Reaccionario No. 1 (maracas e eletrônica), de sua autoria, e Eniritmia (maracas e eletrônica) de Gabriel Borrero, e interpretou a conhecida obra do compositor mexicano Javier Alvarez, Temazcal (maracas e eletrônica); como violinista formou parte de grupos de música de câmara e música popular.
Estudou violino com o professor cubano Pablo Vásquez. Colaborou como transcritora com a Doutora Katrin Lengwinat no trabalho Construction, Social Practice and Music Production of Two Reed Instruments among the Wayuu Indians from Western Venezuela (2013), e foi monitora da matéria Música Tradicional Latino-americana, lecionada pela Dra. Lengwinat na UNEARTE.
Participou da equipe do projeto Venezuela Musical, ganhador da bolsa de fomento da Latin Grammy Cultural Foundation; dirigiu o documentário Los Sanderos del Viaje, patrocinado pelo OneBeat Accelerator. Atualmente dedica-se à composição e interpretação como violinista de diversos estilos musicais, principalmente da música popular latino-americana.
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