O teatro brasileiro tem, entre seus maiores nomes, Augusto Boal. O autor, que viveu entre 1931 e 2009, foi um dos maiores teatrólogos do século XX. Ficou conhecido mundialmente pela criação do Teatro do Oprimido e suas peças são encenadas até hoje. Teve em Gianfrancesco Guarnieri seu principal parceiro de criação. Agora, um livro reúne as peças escritas exclusivamente por Boal: “Teatro Reunido”, que traz 14 peças, oito delas inéditas.
O livro, publicado pela Editora 34, também traz peças que um jovem Boal escreveu no começo da década de 1950 para uma temporada em Nova York com John Gassner, mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller, ou ainda para o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento e no Teatro de Arena.
Em entrevista concedida no final de 2023, Cecília Boal, que foi companheira do teatrólogo, comentou sobre a importância da publicação, mostrando a atualidade do texto do autor, os trabalhos pouco conhecidos reunidos no livro e a importância de estimular novas montagens a partir do lançamento da publicação.
Teatro reunido apresenta um conjunto de catorze peças — oito delas inéditas — assinadas exclusivamente por Augusto Boal.
Conhecido mundialmente por Teatro do Oprimido, foi ao escrever e encenar as próprias peças que Boal elaborou seus métodos inovadores. Entre a revolução estética promovida nos palcos brasileiros pelo Teatro de Arena, a prisão, o exílio e a consagração mundo afora, o autor sempre manteve sua apaixonada atividade em cena. Teatro reunido é a prova mais viva disso pois cobre meio século de uma carreira fora do comum.
Aqui estão as primeiras peças de um jovem dramaturgo, escritas no começo da década de 1950 para uma temporada em Nova York com John Gassner, mestre de Tennessee Williams e Arthur Miller, ou ainda para o Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias do Nascimento — esta uma faceta ainda pouco conhecida de Boal.
O tempo do Arena é representado por Revolução na América do Sul (1960), a primeira obra em nosso teatro a incorporar formalmente as lições de Bertolt Brecht, além de um conjunto de peças que buscaram reagir à repressão política após o golpe de 1964.
Teatro Reunido se fecha com O amigo oculto e A herança maldita, dupla em chave cômico-crítica à família burguesa, na qual um dramaturgo mais que tarimbado expressa suas inquietações diante das mudanças históricas em curso no início do século XXI.
Todo esse arco abrangente é analisado por Iná Camargo Costa em uma introdução escrita especialmente para este volume. Em uma seção complementar, documentos de época assinados pelo próprio autor convivem com textos críticos e depoimentos de Sábato Magaldi, Fernando Peixoto e Gianfrancesco Guarnieri.
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