Projeto do MST em parceria com universidade leva aulas de música – Foto: divulgação
Ao longo de sua história os sem-terra têm feito canções que expressam o processo de luta cotidiano, em ritmos das mais diversas referências da cultura brasileira. No Maranhão, muitas crianças de escolas do campo têm o primeiro contato com instrumentos por meio do projeto Música nos Assentamentos, uma parceria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com a Universidade Estadual do Maranhão (Uema).
“A gente vai utilizar nossos saberes na teoria musical para engrandecer a cultura. Sabemos da importância disso: a gente propôs uma parceria entre a Uema e o MST para termos aulas de músicas nessas escolas”, diz João Matos Neto, professor do curso de Música da instituição.
“A gente tem aulas de violão e flauta doce. Futuramente, vamos ter algumas oficinas de construção de instrumentos também, utilizando materiais recicláveis e da natureza. A gente vai utilizar nossos saberes na teoria musical para engrandecer a cultura que já faz sentido para eles”, complementa o docente.
Promover qualidade nas escolas e na educação do Maranhão é uma das bandeiras do MST, que sob o lema “Terra, Arte e Pão“, em nível nacional, aposta na defesa do acesso ao lazer e à cultura no campo. O projeto Música nos Assentamentos vem nesse sentido de ofertar, mas também chamar atenção para as lacunas deixadas pelo Estado.
“As crianças daqui não têm essa oportunidade de frequentar uma escola de música, e os projetos que vêm pela Secretaria de Educação não conseguem chegar no campo. Para a gente foi uma grande conquista, estamos esperançosos que dê certo, as crianças estão todas animadas”, explica Regina Costa, educadora popular do MST.
Ela lembra, com orgulho, que o projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, o projeto garantiu a duração de um ano e a aquisição de instrumentos para os assentamentos.
“No projeto vieram dois instrumentos, a flauta e o violão. Estamos nos organizando para contemplar não só os alunos dos assentamentos, mas também os alunos dos arredores da nossa comunidade, para que todos consigam aprender um desses dois instrumentos”, ressalta.
Uma das estudantes beneficiadas é Kelly Isabelly, que já toca as primeiras notas de violão. “Eu escolhi o violão, porque eu não sabia tocar. A oficina foi muito boa na minha vida, já aprendi a tocar um pouco. Achei muito bom ter vindo para cá, não só para mim, mas para todas as pessoas que vieram”, comemora.
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