Livro mostra relação da canção sertaneja e o debate sobre política agrária na ditadura

Obra da historiadora Marcela Telles Elian oferece uma análise profunda sobre o papel da música na formação de perspectivas políticas no Brasil rural. A influência da música na moldagem das perspectivas políticas no Brasil durante a ditadura militar é o foco de um novo livro lançado pela Editora UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). A obra,  intitulada Canção sertaneja e política agrária durante a ditadura militar, escrita pela historiadora Marcela Telles Elian, traz à tona uma análise reveladora sobre o impacto das canções sertanejas no debate acerca das questões agrárias no país.

Acesse, aqui, a vitrine da Editora da UFMG.

A pesquisa realizada por Marcela Telles Elian aborda o período compreendido entre 1964 e 1985, durante o qual um projeto de Brasil rural foi implementado, visando expandir as áreas de cultivo e modernizar a produção agropecuária para atender às demandas do mercado internacional. A autora explora as propostas derrotadas por esse projeto e as mudanças políticas, econômicas e sociais resultantes de sua implementação através das canções sertanejas.

Marcela destaca a complexidade das perspectivas expressas pelos artistas sertanejos da época, que ora defendiam uma redistribuição fundiária efetiva, ora negavam essa necessidade em favor dacrença na tecnologia e na cooperação entre as classes, sob a tutela das elites, como soluções para o desenvolvimento do país. Essa análise revela uma posição “híbrida” desses artistas, alternando entre o conservadorismo e a rebelião, conforme observado pela pesquisadora.

A obra examina uma vasta discografia, incluindo artistas renomados como Tonico e Tinoco, Chitãozinho e Xororó, entre outros, revelando como as letras das canções refletiam as aspirações, frustrações e resistências das comunidades rurais diante das transformações políticas e econômicas do período.

As reflexões apresentadas no livro foram originalmente desenvolvidas como tese de doutorado da autora, defendida no Programa de Pós-graduação em História, na linha de pesquisa de Culturas Políticas, da UFMG, sob a orientação da professora Heloisa Starling.

O lançamento de Canção sertaneja oferece uma oportunidade única para os interessados explorarem as conexões entre música, política e história do Brasil, promovendo um debate enriquecedor sobre o papel da cultura na formação da identidade nacional e na articulação de movimentos sociais.

Marcela Telles Elian é historiadora. Doutora em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisadora do Projeto República: núcleo de pesquisa, documentação e memória |UFMG e coorganizadora dos livros Utopias agrárias (Editora UFMG, 2008) e Vozes do Brasil: a linguagem política na Independência (Edições do Senado Federal, 2022).

Da UFMG