Na frota abandonada, o modelo que é um dos queridinhos dos brasileiros – Reprodução/Nosso Tempo
De H2Foz / Por Paulo Bogler “Para que essa fila de carros inteiramente depenados no pátio da delegacia de Foz do Iguaçu?” Com esse título, o jornal Nosso Tempo questionou o amontoado de Fuscas e veículos de outras marcas que ocupavam uma unidade policial da cidade em 1980.
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A edição do semanário, a primeira, foi às bancas no começo de dezembro daquele ano. A fotografia que estampou a notícia da época mostrou apenas a metade da frota de carros, entre eles, o mais popular e um dos mais amados pelos brasileiros, sem serventia ou uso, em lenta decomposição.
“São carros roubados, cujo dono não foi encontrado, ou sequestrados aos contrabandistas e traficantes de tóxicos, ou sabe lá o que mais”, afirmou o texto. E completou ressaltando não ser certo manter os bens entregues à corrosão material, advogando uma destinação racional a eles por “princípio de economia”.
“A obrigação da polícia é entregar os carros apreendidos por irregularidades e não resgatados pelos proprietários à Receita Federal”, opinou o Nosso Tempo. E o órgão nacional, por sua vez, realizar leilão para “liberar o entulho”, apontou.
E a matéria veiculada em 1980 prosseguiu com uma denúncia. “Conta-se que a polícia teria adotado o método de ‘emprestar’ carros apreendidos em bom estado a seus amigos. Ora, o uso dos carros nessas condições é puramente ilegal”, cobrou o jornal.
O Nosso Tempo questionou os responsáveis pela guarda dos veículos, que permitiram que os Fuscas fossem depenados, com a retirada de peças. “Quem lucrou com isso? Quem vai ser penalizado por esse vandalismo?”, perguntou.
O tema foi pauta de reuniões de prefeitos da região, que sugeriram haver o que foi chamado, na época, de “indústria de carros roubados”. E, já naquele tempo, descortinou o jornal Nosso Tempo, havia a prática de cobrar resgate de dono de veículo roubado.
Leia a reportagem na edição original do Nosso Tempo.
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