Zambra e Farruca são personagens de um conto infantil cheio de fantasia e diversão, uma verdadeira “aventura dançante – Foto: Eduel
O livro “A Odisseia Dançante de Zambra e Farruca”, de autoria de Máriam Trier – 2023, 86 páginas – está entre os últimos lançamentos da Editora da Universidade Estadual de Londrina. Ele traz as aventuras de Zambra e Farruca, duas duendes gêmeas espanholas que se aventuram pelo mundo para conhecer as manifestações culturais dos países, em especial a dança flamenca.
Repleto de essência poética, com linguagem fácil e descontraída, a autora conta a história das personagens viajantes, que saem ao redor do mundo durante um ano vivenciando a comida, a dança, a paisagem de vários países, como Egito, Índia, Romênia, Marrocos, Cuba, Colômbia, Alemanha, Itália e Brasil, entre outros.
É um conto infantil cheio de fantasia e diversão, uma verdadeira “aventura dançante” que logo no início leva o leitor a questionar: o que será que elas aprenderão?
A autora do livro, Máriam Trier, professora do Instituto Federal do Paraná e escritora de contos infantis, concedeu entrevista à Eduel. Confira!
Eduel – Como surgiu a ideia do livro?
Máriam – Eu era professora de dança flamenca, em Umuarama (PR), por um projeto de extensão do Instituto Federal do Paraná, e, concomitantemente, comecei a escrever para crianças. Em 2016, eu tive um conto infantil selecionado para uma coletânea por um edital do SESC-PR e uma aluna do flamenco, a Val Silva, me desafiou a escrever sobre dança flamenca para crianças, o que eu nunca havia pensado. Com este incentivo, iniciei uma história, mas os afazeres de professora do IFPR me impediram de progredir. Na pandemia, consegui o tempo necessário para fazer a pesquisa que eu precisava para desenvolver o livro e consegui finalizá-lo.
Eduel – De que maneira a história pode surpreender o leitor?
Máriam – A história pode ser lida por diversos olhares. Um jovem vai se divertir com as aventuras das duendezinhas, mas um olhar adulto pode se surpreender com as referências sobre filosofia da dança e sobre curiosidades reais de paisagens, da fauna e da flora dos países visitados. Uma pessoa com conhecimento de flamenco já vai conseguir absorver as referências específicas de artistas flamencos e de outros elementos desta arte.
Eduel – Por que as personagens principais são duas duendes? O que elas representam?
Máriam – As duas duendes, a Zambra e a Farruca, simbolizam dois ritmos flamencos, assim como os outros personagens. O duende é um ser mágico, folclórico, mas no flamenco é a capacidade que o artista (cantor, guitarrista, bailarino, percussionista) tem de emocionar o público, é um poder, é um estado elevado de conexão com a arte. Este símbolo é muito forte no flamenco.
Eduel – Qual a principal mensagem que as aventuras das personagens trazem para o público infantojuvenil?
Máriam – É uma mensagem de autoconfiança, de autoconhecimento, de empatia, de respeito à diversidade e da importância do aprendizado contínuo.
Eduel – Como o livro pode ser usado por professores durante as aulas para estudos sobre arte?
Máriam – O livro pode ser usado de forma interdisciplinar com professores de geografia e educação física, com atividades que envolvam as culturas mencionadas no livro. Na obra, estão relacionadas diversas formas de expressão corporal de diversos países, e os estudantes podem ser convidados a explorar cada uma dessas. Além disso, penso que as metodologias ativas se encaixam bem nesta proposta, pois os professores podem motivar os estudantes a organizarem feiras gastronômicas, exposição de artesanato, gincanas culturais, criação de teatros, paródias, vídeos, poesias, desenhos, maquetes, instalações, ou até mesmo posts para publicação nas redes sociais. Neste caso, poderia haver integração de outras disciplinas também. De forma transdisciplinar, é possível trabalhar com a seção pedagógica da escola utilizando conteúdos que envolvam a identificação e o controle das emoções em rodas de conversa.
Máriam Trierveiler Pereira nasceu em Londrina, em 1975. É engenheira civil, engenheira ambiental e docente há mais de 20 anos. É autora da coleção infantil “Mãe como faz?”, série sobre educação ambiental. Também escreveu o conto infantojuvenil sobre ciência “As aventuras de Téo e Sofia”, traduzido para LIBRAS. Ela teve contos selecionados por editais e publicados em Coletânea SESC de Contos Infantis. Foi bailarina clássica e há 25 anos é bailaora de dança flamenca e já dirigiu 12 espetáculos, o que lhe rendeu vários prêmios. É professora de flamenco desde 2000, além de produtora artística e diretora da Cia de Dança IFPR Schubert desde 2010.
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