Saberes e práticas Guarani sobre plantas é uma das temáticas presentes entre os projetos aprovados – Foto: divulgação / Unila
Além da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, outras 16 instituições de ensino superior participam do Programa com mais de 500 projetos. A reitora da UNILA, Diana Araujo Pereira, afirma que a parceria da Itaipu com as universidades da sua região de influência é fundamental para o desenvolvimento da ciência e tecnologia brasileira, para o desenvolvimento social da região e para o fortalecimento do papel social das próprias universidades nos seus territórios de abrangência. “O tema da sustentabilidade que direciona esse edital, a transição energética, é fundamental para o momento, e o fato de as universidades públicas serem chamadas a contribuir com tais temáticas demonstra a importância de nossas instituições de ensino para as transformações de que a situação de emergência climática tanto necessita”, relatou.
Para o pró-reitor de Extensão, Rogério Moreira, a iniciativa estabelece um novo instrumento de fomento e atuação no território do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. “O Programa promove uma atuação colaborativa entre diversos atores nas comunidades, alinhada às políticas públicas locais e regionais. Cabe destacar que esta ação visa fortalecer o processo de inserção curricular da extensão nas universidades, que estabelece que, no mínimo, 10% da formação seja realizada na extensão. Esse processo nos coloca um grande desafio e uma grande oportunidade de requalificar e atualizar todos os cursos de nível superior”, disse.
1 – As plantas que curam: saberes e práticas Guarani sobre as plantas sagradas que curam as pessoas e equilibram o mundo
O projeto irá documentar o uso de plantas sagradas pela comunidade Avá-Guarani da Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu. Em colaboração com os Oporaíva (xamãs), será feito um inventário das plantas utilizadas para remédios, alimentos e cura. Os participantes também buscam entender a perda de algumas plantas no território indígena e propor sua recuperação. As informações coletadas serão registradas em materiais paradidáticos para escolas Guarani, respeitando a autorização dos xamãs. Além disso, o projeto incentivará políticas públicas baseadas nos saberes tradicionais da comunidade, divulgados em relatórios e publicações científicas.
2 – Cores da Terra: revitalizando espaços com sustentabilidade e baixo custo
As tintas industriais convencionais não apenas representam riscos para a saúde e o meio ambiente, mas também são difíceis de serem recicladas, além de serem caras, especialmente para comunidades com recursos limitados. Por outro lado, as tintas naturais oferecem uma alternativa ecológica e econômica para pinturas internas e externas, sem exigir habilidades especializadas para preparação. Dessa forma, o objetivo principal deste projeto de extensão é revitalizar espaços educacionais e comunitários, com a participação de alunos, professores e membros da comunidade, utilizando a técnica de pintura com tinta à base de terra, uma opção sustentável e de baixo custo. Além disso, busca-se capacitar os participantes para disseminar e adotar essa técnica em outras áreas da comunidade. Para isso, o projeto “Cores da Terra” adotará uma metodologia participativa e sustentável em oito etapas principais: contato com escolas e centros comunitários de Foz do Iguaçu; definição de cinco espaços para a pintura; produção e distribuição de folhetos explicativos sobre a técnica de pintura com terra; desenvolvimento participativo do projeto gráfico; realização de uma aula introdutória; pintura do mural com a participação de todos os envolvidos; e, por último, avaliação do impacto do projeto monitorando os resultados e orientando ações futuras.
3 – Consolidação e ampliação de projetos educacionais para geração de biogás e biofertilizantes utilizando resíduos orgânicos alimentando pequenos biodigestores em colégios estaduais do Paraná
Foto: divulgação / Unila
A proposta é ampliar ações já desenvolvidas, em 2022, voltadas à utilização de resíduos orgânicos para a produção de biogás e biofertilizante em escolas estaduais. O projeto, que foi implementado inicialmente no Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva, busca integrar o ensino de disciplinas como física, química, biologia, matemática e informática à realidade dos alunos do ensino médio. Ao relacionar problemas ambientais com o cotidiano dos alunos, o objetivo é contribuir para o aprendizado de forma mais acessível e relevante, incentivando a sustentabilidade e o uso consciente dos recursos naturais. Além disso, oferece uma oportunidade de transformar problemas locais em soluções inovadoras, preparando os jovens para enfrentar desafios futuros.
4 – Educação em saúde sobre plantas medicinais para hipertensos e diabéticos
Este projeto de extensão tem o objetivo de promover ações de educação em saúde sobre o uso racional de plantas medicinais para a população de diabéticos e hipertensos cadastrados nas equipes de Atenção Primária à Saúde de Foz do Iguaçu. A ação ocorrerá em cinco distintas Unidades de Saúde da Família (USF) que contêm grupos de educação em saúde Hiperdia ativos. Inicialmente serão coletados dados com os hipertensos e diabéticos sobre as plantas medicinais mais utilizadas e as formas de uso. Em seguida, será feito o planejamento da ação educativa com os profissionais de saúde das equipes das USF. As ações educativas ocorrerão no decorrer dos encontros do Hiperdia e serão feitas mediante abordagem dialógica e problematizadora, estimulando o uso racional das plantas medicinais. Além disso, serão feitos materiais educativos para os participantes da ação e divulgados também para a comunidade.
5 – Juventudes e Direitos – A voz da Juventude
“A Voz da Juventude” , programa radiofônico da Unila – Foto: divulgação / Unila
O projeto de extensão já está em sua 4ª edição e tem por objeto dar continuidade ao programa de rádio “A voz da Juventude”, veiculado desde 2020 na Rádio do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP/FI). A ideia é, em 2024, ampliar sua divulgação utilizando o formato podcast. Os programas realizam debates sobre as condições dos jovens dos países da Tríplice Fronteira. Participam como convidados jovens pesquisadores, ativistas e integrantes da comunidade regional, que dialogam sobre as demandas, direitos e dificuldades dos jovens, abrindo um canal de informação e formação, e quebrando preconceitos sobre as juventudes. Os programas anteriores estão disponíveis para acesso no site da CDHMP/FI.
O projeto também prevê a realização de oficinas com o Centro de Juventude do Jardim Naipi. Através de oficinas temáticas e de produção de podcast/programa de rádio, serão abordados os direitos previstos no Estatuto da Juventude relacionando-os com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
6 – Observatório Latino-Americano da Geopolítica da Energia: divulgação científica e educação na área de energia e desenvolvimento sustentável
O Observatório Latino-Americano da Geopolítica Energética tem como objetivo democratizar o acesso à informação sobre as transformações relacionadas à geopolítica energética, nos campos tecnológico, político, econômico e social. Ele promove pesquisas sobre fontes renováveis e acessíveis de energia, além de eventos como palestras, debates e minicursos, abertos à comunidade. O Observatório mantém um site com repositório de documentos, artigos e notícias, facilitando o acesso ao conhecimento acadêmico e científico sobre a temática. Também promove debates e atividades de ensino, pesquisa e extensão, integrando diferentes áreas do saber.
7 – ÑandeReko, a “sustentabilidade” indígena: práticas da Educomunicação Guarani pela vida
Educomunicação Guarani – Foto: divulgação / Unila
O projeto de Educomunicação prevê a formação e o acompanhamento da comunidade Ava Guarani do Oeste do Paraná, buscando desenvolver com as tekohas (aldeias) uma comunicação comunitária que proporcione maior integração e fortalecimento. Por meio de oficinas temáticas de rádio, fotografia e vídeo, as crianças e os jovens se apropriam dos equipamentos e meios de comunicação, tornando-se protagonistas de sua história, cultura e tradição, expressando-se por meio de áudio-histórias, entrevistas, cânticos, fotografias e vídeos de espaços e práticas culturais. O objetivo principal do projeto é possibilitar um diálogo com comunidades indígenas Ava Guarani, a fim de criar novos espaços de memória e identidade vinculados à sua cultura, marcados, predominantemente, pela relação com o meio ambiente e com a terra. A experiência do projeto tem buscado difundir essa cultura por meio do processo educativo e por sua consolidação a partir de práticas translíngues, que reforçam a circulação da língua e cultura indígena.
O uso de plantas medicinais é cultural e extremamente comum no contexto brasileiro. O conhecimento de uso das plantas é passado de geração em geração e cultivado, principalmente, pela figura feminina, que é a mãe ou avó que cuida de uma família. A utilização das plantas medicinais também integra a assistência à saúde, enfatizada pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Entretanto, o seu uso cotidiano pode oferecer riscos pelo uso excessivo, desconhecimento de efeitos colaterais, entre outros. Por isso, é importante a realização de ações que visem ao seu uso racional, principalmente em crianças.
Este projeto de extensão tem o objetivo de promover ações de educação em saúde individuais e coletivas para mães de crianças de 0 a 6 anos sobre o uso de plantas medicinais. A ação ocorrerá com as mães de crianças que estão sendo assistidas pelo Centro de Nutrição Infantil e também pelas Unidades de Saúde da Família (USF) de Foz do Iguaçu. As intervenções educativas terão o formato de oficinas e ocorrerão nos próprios espaços do Centro de Nutrição Infantil e das USF. Será utilizada uma abordagem problematizadora e dialógica, considerando os princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde na condução de cada ação. Além disso, será criada uma rede de apoio com as mães no WhatsApp para compartilhamento de experiências, trocas e saberes.
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