No dia 30 de setembro, às 19 horas, o Programa de Pós-Graduação em Literatura Comparada (PPGLC) da Unila promove seminário sobre a “Escrita Feminina: Transversalidades”. Aberto à participação toda a comunidade, o evento ocorrerá no campus Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu e contará com a participação de três professores convidados: Victoria Mayara da Rosa (Unila), Rafael Eisinger Guimarães (Unisc) e Jorgelina Tallei (Unila). A mediação será da professora Débora Cota, docente do curso de Letras Espanhol e Português e do PPGLC, também da Universidade Federal da Integração Latino-Americana.
O evento pretende oferecer reflexões sobre a transversalidade de questões de gênero, raça e disciplinas nas produções de escritoras proporcionando uma ampliação no modo de pensar o fazer literário e introduzindo discussões em torno das complexidades das relações estéticas-políticas da contemporaneidade, explica Débora Cota.
Cota é vice-líder do grupo de pesquisa (CNPq) Literatura Comparada na América Latina e coordenadora do projeto de pesquisa: “A literatura latino-americana e seus trânsitos: desafios e perspectivas contemporâneas perante a sua dimensão relacional.” Ela, que também coordena a organização do seminário, argumenta: “De imediato a expressão “escrita feminina” pode expor uma polarização entre o feminino e o masculino ou, mais especificamente, pode evocar a ideia de que a escrita possui um sexo ou um gênero, pressupostos já superados dentro dos estudos feministas. Isto faz com que muitos/as investigadores/as, optem pela expressão “literatura de autoria feminina”.
“Neste pequeno espaço de discussão que buscamos promover, a expressão “escrita feminina” é utilizada apenas para delimitar que serão discutidas a produção (escrita e edição) de pessoas que se autodenominam escritoras. Neste sentido, o subtítulo “transversalidades” vem esclarecer ainda mais a proposta, já que especifica e remete diretamente para as complexidades a serem abordadas pelos/as pesquisadores/as convidados/as”, complementa Débora Cota.
A mesa de “Escrita Feminina: Transversalidades” contará com a discussão da “trans/escrita” da escritora argentina Camila Sosa Villada. Uma escrita atravessada pela questão de gênero, pela perspectiva travesti que será considerada desde a construção literária de Las malas (2020), título original de O parque das irmãs magníficas. Ao mesmo tempo, contará com a importante indagação em torno de como narrar o trabalho de edição executado por escritoras e editoras mulheres, um campo de atuação muito masculino.
As discussões em torno do trabalho de edição têm levantado questões estéticas e transdisciplinares impactantes nos estudos literários. E, por fim, abordará a “interseccionalidade” (interação de fatores sociais como raça e gênero) na escrita de Ana Maria Gonçalves através do estudo de sua obra Um defeito de cor (2006). A obra tem sido revisitada, nos últimos anos, por seu importante trabalho metaficcional que reelabora o período escravocrata brasileiro, desde a narrativa de uma mulher africana, a beira da morte, em constante deslocamento e em busca de seu filho.
Crivadas por questões de gênero, raça e disciplinas as produções estudadas ampliam o modo de pensar o fazer literário e convidam para discussões em torno das complexidades nas relações estéticas-políticas da contemporaneidade.
Rafael Eisinger Guimarães é doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre também em Literatura Comparada pela UFRGS. Atualmente é professor do Departamento de Ciências, Humanidades e Educação e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Santa Cruz (UNISC) e líder do grupo de pesquisa CNPq Literatura e Identidade na América Latina. Na comunicação irá apresentar o texto: “Primeiro a escrita, depois a tristeza: espaços, corpos e afetos na trans/escrita de Camila Sosa Villada.”
Jorgelina Ivana Tallei é pós-doutora pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais e pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), doutora em Educação (FaE) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Letras: Língua espanhola e Literatura espanhola e hispano-americana pela Universidade de São Paulo e mestre profissionalizante na área de novas tecnologias, pelo Instituto Universitário de Posgrado (Espanha).
Atualmente é professora de língua espanhola como língua adicional na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) no Ciclo Comum de estudos. Atua na pós-graduação no Programa de Literatura Comparada (PPGLC) da Unila e no Programa de pós-graduação em Ensino da Unioeste. Coordena o Grupo de Pesquisa Estudos e Pesquisa em Educação na/para Infância e participa como pesquisadora do Grupo Mulheres na edição do CEFET MG. Na comunicação irá apresentar o texto: “Narrar a edição em perspectiva feminina: mulheres que editam.”
Victoria Mayara da Rosa é pesquisadora e educadora. Graduou-se em Letras pela Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz (2019). Durante a graduação pesquisou nas áreas de Letras e Educação, com predileção por discussões relativas à Literatura. Atualmente, é bolsista-pesquisadora CNPQ no Programa de pós-graduação em Literatura Comparada da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (PPGLC/UNILA), onde pesquisa a memória afrodiaspórica na literatura afrobrasileira contemporânea. Atua também como professora na educação básica do estado do Paraná. Na comunicação irá apresentar o texto: “Pelos becos da memória: o espaço interseccional de resistência feminina na escrita de Ana Maria Gonçalves.”
Assine as notícias da Guatá e receba atualizações diárias.