Pipra fasciicauda – Foto: João Batista Francisco.
Durante sete dias, centenas de aficionados por aves de todo o Estado do Paraná observarão os animais em áreas de parques, florestas, refúgios, entre outros, em mais de 60 municípios. São voluntários, amadores e profissionais, que colaboram com o avanço do conhecimento sobre os pássaros.
No Refúgio Bela Vista, participaram do levantamento o biólogo e ornitólogo João Batista Francisco, aposentado pela Itaipu, e o biólogo Marcos José de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas. Os dois já notaram uma variedade de espécies migratórias, como a tesourinha e o suriri, que retornam ao Brasil nesta época do ano.
João Batista Francisco, ou “Seu João”, como é chamado pelos colegas e estagiários que o acompanharam pelas trilhas do RBV, é uma daquelas pessoas com o ouvido afinado para os sons das mais diversas aves. “Esse é o surucuá-variado, cujo nome científico é Trogon surrucura”, ensina.
A observação das aves não apenas enriquece o conhecimento científico, mas também proporciona uma conexão profunda com a natureza. Seu João enfatiza que o melhor período para avistar novas espécies é agora, no início da primavera, quando muitas aves migratórias chegam à região. Ele relata ter encontrado um beija-flor de topete azul durante suas observações recentes, destacando a diversidade das aves locais.
Ornitólogo João Batista Francisco em campo – Fotos: Sara Cheida/Itaipu Binacional.
Marcos de Oliveira reconhece a importância do trabalho para o refúgio. “É fundamental registrarmos as espécies que habitam nossos espaços, para entendermos o que estamos conservando. Com a restauração florestal, criamos um corredor verde que conecta pequenas ilhas de floresta, formando um grande mosaico de ambientes. Esses ambientes são extremamente propícios para a conservação e presença das aves.”
Os resultados das observações serão apresentados na nova edição do Livro do IPAVE, sendo que o último foi publicado em 2012. Naquela edição, entre os registros importantes para a região na área do RBV, destacou-se a espécie bagageiro (Phaeomyias murina), com poucos registros no Estado do Paraná até então.
A observação de pássaros é democrática. Aliás, o conceito de ciência cidadã é central para o trabalho do observador. Seu João explica que qualquer pessoa com interesse pode contribuir para a pesquisa ao registrar as aves que observa. Essa abordagem populariza a ciência e permite que cidadãos comuns ajudem a coletar dados valiosos sobre a avifauna local. O biólogo destaca que, em 2017, um observador registrou pela primeira vez uma espécie de ave na região agrícola, exemplificando o impacto positivo da ciência cidadã.
Caso queira se unir a missão do Seu João, acesse o site https://sites.google.com/view/ipave2024, baixe a planilha de Excel, preencha os dados de “Locais” e “Observadores”, nas abas da planilha; marque com um X as espécies registradas, na aba “Checklist”, e envie o arquivo, entre 1º e 15 de outubro, para o e-mail: ipave2024@gmail.com
As informações serão enviadas para a base de dados Wikiaves (wikiaves.com.br) e para a plataforma eBird/Cornell Lab.
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