circum-lóquio
(pur troppo non allegro) sobre o neoliberalismo terceiro-mundista –
laisser faire laisser passer
1.
2. o neoliberal neodelibera o que neoliberar para os não-neoliberados: o labéu? o libelo? a libré do lacaio? a argola do galé? o ventre-livre? a morte-livre? a bóia-rala? o prato raso? a comunhão do atraso? a ex-comunhão dos ex-clusos? o amanhã sem fé? o café requentado? a queda em parafuso? o pé de chinelo? o pé no chão? o bicho de pé? a ração da ralé?
3. no céu neon do neoliberal anjos-yuppies bochechas cor-de-bife privatizam a rosácea do paraíso de dante enquanto lancham fast-food e super (visionários) visam com olho magnânimo as bandas (flutuantes) do câmbio:
enquanto o não -neoliberado come pão com salame (quando come) ele dorme sonhando com torneiras de ouro e a hidrobanheira cor de âmbar de sua neo- mansão em miami
4. o centro e a direita (des)conversam sobre o social (questão de polícia): o desemprego é um mal conjuntural (conjetural) pois no céu da estatís- tica o futuro se decide pela lei dos grandes números
5. o neoliberal sonha um mundo higiênico: um ecúmeno de ecônomos de economistas e atuários de jogadores na bolsa de gerentes de supermercado de capitães de indústria e latifundiários de banqueiros -banquiplenos ou banquirrotos (que importa? desde que circule auto-regulante o necessário plusvalioso numerário) um mundo executivo de mega-empresários duros e puros mós sem dó mais atentos ao lucro que ao salário solitários (no câncer) antes que solidários: um mundo onde deus não jogue dados e onde tudo dure para sempre e sempremente nada mude um confortável estável confiável mundo contábil
6. (a contramundo o mundo-não -mundo cão- dos deserdados: o anti-higiênico gueto dos sem-saída dos excluídos pelo deus-sistema cana esmagada pela moenda pela roda dentada dos enjeitados: um mundo-pêsames de pequenos cidadãos-menos de gente-gado de civis subservis de povo-ônus que não tem lugar marcado no campo do possível da economia de mercado (onde mercúrio serve ao deus /mamonas)
7. o neoliberal sonha um admirável mundo fixo de argentários e multinacionais terratenentes terrapotentes /coronéis políticos milenaristas (cooptados) /do perpétuo status quo: um mundo privé palácio de cristal à prova de balas: bunker blau durando para sempre -festa /estática (ainda que se sustente sobre fictas palafitas e estas sobre uma lata de lixo)
(A íntegra do poema você encontra AQUI)
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