Emilia Espíndola Duarte (terceira a partir da esq.), na Translation House Looren, na Suiça – Foto: divulgação Unila
Primeira paraguaia e guarani contemplada com o benefício, Emilia conta que a ideia de traduzir “Quarto de Despejo” surgiu em julho do ano passado, durante um curso de extensão de português para estrangeiros. “Fiquei empolgada com a possibilidade de ler essa obra em guarani e levar essa literatura brasileira tão importante aos povos guarani falantes da região.”
Para ela, a tradução de livros como “Quarto de Despejo” amplia o acesso a diferentes realidades e perspectivas culturais. “Ela permite que leitores de diversas partes do mundo conheçam experiências de vida como a de Carolina Maria de Jesus e reflitam sobre questões sociais, como pobreza e racismo”, afirma. Além disso, destaca que esse trabalho “contribui para a visibilidade de autores marginalizados e enriquece o intercâmbio cultural, tornando a literatura mundial mais plural e representativa”.
A visibilidade indígena, segundo Emilia, não é apenas um objetivo profissional, mas também pessoal. “Como militante da língua e da cultura guarani, considero essa uma conquista coletiva. As vozes dos falantes de guarani serão ouvidas para além de seus territórios”, ressalta.
“E algo igualmente relevante é que sou mulher e quero ocupar esse espaço como indígena guarani”, acrescenta.
Na Suíça, ela tem a oportunidade de trocar experiências com tradutores do mundo todo e difundir a cultura guarani além das fronteiras. “Fiquei feliz por levar uma das nossas línguas indígenas de Abya Yala à Europa nesse contexto de parceria internacional”, destaca.
A tradução de livros, no entanto, não é novidade em sua trajetória. Graduada em Tradução e Interpretação pelo Instituto Técnico Superior de Estudos Culturais e Linguísticos Yvy Maraey (Paraguai), Emilia já publicou a versão em guarani de Contos da Selva, de Horacio Quiroga. Agora, sua tradução de Quarto de Despejo também será lançada pela Edunila.
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