"A Coluna Prestes e o Oeste do Paraná" rebate apagamento da memória

A escrita como ferramenta no combate à total ausência de memória. Assim, o professor e pesquisador Julio da Silveira Moreira lança um importante trabalho de resgate a um dos principais movimentos sociais do país, que inspirou coletivos ao redor do mundo. Em A Coluna Prestes e o Oeste do Paraná, o escritor propõe o registro cuidadoso da passagem da Coluna Prestes por Foz do Iguaçu e região. O livro será lançado dia 8 de novembro, às 19h, durante a programação da 19ª edição da Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu (FILFI).

A escolha do tema veio, segundo o autor não somente pela ausência de materiais de referência sobre a passagem da Coluna Prestes pela região, mas também após a realização de vários cursos de valorização patrimonial realizados pelo projeto de extensão que coordenou na Unila, chamado Territórios Culturais, em convênio com a Linha Ecológica, municípios lindeiros, Itaipu e Ecomuseu. “Nesses cursos de educação patrimonial, realizados para professores da rede pública do oeste do Paraná, trabalhamos como construir a memória a partir das ausências. Uma das ausências percebidas foi a Coluna Prestes”.

As visitas técnicas percorreram municípios como Santa Helena e Guaíra, onde foram realizados trabalhos de campo. “Entre os lugares visitados estava o memorial à Coluna Prestes em Santa Helena e o Memorial da Revolução de 24 em Catanduvas. A partir disso veio a ideia da concreção do livro, e depois de amadurecer com tema da educação patrimonial, o livro foi proposto no edital da Fundação no ano passado e aprovado. Percebemos que não se tratava somente da coluna em Foz, mas no Oeste do Paraná, daí temos uma história completa, fechada, não somente da Coluna, mas da Revolução de 24 no oeste, que passa por Foz e tem momentos muito importantes aqui”.

A construção do livro traz um olhar específico sobre a passagem do movimento pelo oeste. “Em todos os estados que a Coluna Prestes passou há livros relatando. No Piauí, Tocantins, Rio Grande do Norte, Goiás, e desconheço alguma publicação dedicada a esse fato aqui no Paraná. O texto, é comprometido com a tradição de luta dos povos, da luta revolucionária que a Coluna Prestes apresentou. Não é um mero resgate histórico, mas é resgate comprometido com o sentido da luta que o Prestes e os seus companheiros levaram naquele momento”, explicou o autor.

O relato de um movimento baseado na persistência e resiliência dos integrantes, onde disciplina e coragem foram ingredientes notórios, trouxe à tona a percepção de eventos que antecederam a marcha, e que também ganharam destaque na publicação. “O fato de se unirem, e entregarem a vida à Coluna, já veio lá de 1922 da Revolta do Forte de Copacabana, ali já ficou claro essa disposição dos jovens tenentes, morrer pela pátria, mas um sentido muito mais profundo que um mero sentido ufanista. Essa entrega desses jovens, ficou evidente em vários momentos em 22, que também são narrados no livro”.

Para o autor, a história conta essa escapada, essa volta por cima. “Essa ressurreição que representa o movimento das tropas revolucionárias quando parece que está tudo perdido, eles conseguem uma forma de seguir em frente”.

Com prefácio assinado por Luiz Carlos Prestes Filho,diretor e roteirista, a publicação é classificada como uma inestimável contribuição para a democracia no Brasil. “Por tanto, as páginas do livro em pauta não registra a sombra do tempo, ao contrário, ilumina faces ainda hoje cobertas por camadas de esquecimentos e preconceitos. Mesmo sendo vencedores”.

A Coluna Prestes foi um movimento formado por jovens tenentes rebelados no Rio Grande do Sul, que uniram-se aos tenentistas paulistas instalados no Paraná entre 1925 a 1927, e percorreu mais de 25 mil quilômetros no interior do país, para mobilizar a população contra injustiças e desigualdades promovidas pelo governo oligárquico da Primeira República.

Esta iniciativa cultural é realizada pelo sociedade civil e recebeu recursos do Fundo Municipal de Incentivo Cultural por meio do Edital de Concurso nº02/2023 de seleção de Projetos de Produção e Difusão Cultural realizado pela Fundação Cultural

Dia 8 de novembro, sexta-feira, às 19h

Na Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu – Estação do Artesanato – Praça Getúlio Vargas