Apesar do silêncio, Marcio Renato dos Santos lança A cor do presente, o seu oitavo livro de contos.
É uma satisfação ter a oportunidade de presenciar a estreia, a afirmação e, por que não?, o amadurecimento de um escritor. Já acompanhei alguns percursos, como o do Dalton Trevisan, entre tantos. Mas estou me referindo à trajetória de Marcio Renato dos Santos. Desde 2010, já são 8 livros de contos. Oito sim. Ele vai autografar no dia 9 de março, sábado após o Carnaval, A cor do presente no Café Tiramisù, anexo ao Museu Guido Varo, no centro de Curitiba.
Conheço o Marcio desde 2003, fomos apresentados pelo Turco, o Jamil Snege. E, desde então, seguimos interlocutores. Ele já trabalhou comigo e viu nascer a revista Ideias, então Caderno de Ideias, em 2003. Atualmente, publico todo mês 1 conto inédito dele, com ilustrações de seu filho Vitor, na Ideias. E, para a minha surpresa, o novo livro traz no título o nome de um conto publicado na edição 201 da Ideias, em julho de 2018. Outra narrativa do livro também apareceu pela primeira vez em uma edição da Ideias, a 205, em novembro do ano passado. Vai ser um prazer reler esses contos e conhecer os novos.
Inexplicável para alguns é o fato de a literatura do Marcio Renato dos Santos ainda ser pouco conhecida do público leitor brasileiro. Afinal, ele é dono de um texto ágil e denso, com humor, muitas camadas, incluindo referências não mencionadas, mas escancaradas nas entrelinhas. É, ressalto, apesar da sofisticação, uma prosa que comunica. E a ficção dele, poucos notam, traz análises e percepções (diria epifânicas) do comportamento humano.
“A cor do presente”, o conto que dá nome ao livro, é um desnudamento dos homens e mulheres, de quase todos, principalmente daqueles que mudam de cor, partido e ponto de vista, de acordo com a figura que está no poder. Tudo apresentado ao público com sutileza, refinamento e elegância que, se estiverem distraídos, o leitor e a leitora podem até interpretar o mesmo enredo de outra maneira – o que mostra a força e a complexidade da literatura do escritor curitibano, de 44 anos, também jornalista competente e, pasmem, disponível no mercado de comunicação.
Claro que pode. Em Curitiba, e no Brasil, tudo pode.Talvez você já tenha compreendido por que a literatura dele também não tem visibilidade em âmbito nacional. Entendeu? Ou precisa desenhar?
Mais uma observação. As narrativas literárias de Marcio Renato dos Santos colocam em evidência o nonsense e o irreversível da realidade, e também a melancolia, disfarçada em alguns casos pelo humor, mas melancolia – aquela marca do ser humano e de canções do João Gilberto, de filmes do Bergman, de contos do Julio Ramón Ribeyro, entre outras manifestações peculiares.
Registro ainda que o desenho da capa e o da página 2 são de autoria do Simon Taylor.
Anote na agenda: Lançamento de A cor do presente, livro de contos de Marcio Renato dos Santos. Dia 9 de março, sábado, no Café Tiramisù, na Rua XV de Novembro 1.330, anexo ao Museu Guido Viaro, no centro de Curitiba. Das 14h30 às 19 horas. Publicado pela Tulipas Negras, A cor do presente tem 120 páginas, com 11 contos e custa R$ 30. Entrada franca.
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