Por qual razão, quebramos a bússola?Por qual motivo, erramos o caminho?Não achamos o caminho, porquanto vagamos a esmo.Por qual motivo, inverteram os polos?Um caminho de luta em vão?Por qual motivo que saibamos da proximidade do algoz, no entanto o ignoramos o passo que nos separa.Do século XV a XXI a distância não aumentaNa pequena distância, nasce a miscigenação,Tomada a força, sob o porrete, farrapos e migalhas de pão, oh, doce miscigenação!Música, dança, futebol e vida praianaManto encobridor do regime cruelDe uma história de faz de conta, mistificação convenienteOs originários foram os primeiros: servindo, quebrando pedras, produzindo o ouro doce no latifúndioEm menos de cem anos a terra encobria dois milhões de almasDepois a maior imigração da história, na Angola rumo a travessiaUma plantação e o exército de formigas trabalhadoras, reduzidas a um punhado em uma semanaO percurso é longo, mas o algoz está a nos observar a um passoO chicote de ontem, se embrenhou na complexidade da urbanizaçãoO exército das formigas de ontem,elas continuam seguindo enfileiradas, produzindo para o império.
__________________________Lisete Barbosa, economista e mestranda em Integração da América da Latina.
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