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Podcast dá voz às mulheres que pesquisam as ciências exatas – Foto: stockking/Freepik
. “Você gosta de matemática, só não sabe disso ainda.” A frase se destaca na imagem de capa do canal A matemaníaca, no YouTube, e revela como Julia Jaccoud enxerga essa área da ciência: “Matemática não é só sobre números”, diz a mestranda do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. . Conhecida nas redes como “A matemaníaca”, Julia é a entrevistada do segundo episódio do podcast A matemática no divã, um programa veiculado uma vez por mês na Rádio UFSCar com o objetivo de desconstruir as percepções negativas que costumam ser associadas às ciências matemáticas. . No formato de entrevista, o programa promove, a cada mês, bate-papos descontraídos e divertidos com uma pesquisadora da área das ciências exatas. O podcast vai ao ar aos domingos, às 10 horas, e também está disponível no Spotify e no site do ICMC. .
Julia Jaccoud – Foto: Ana Luísa Carreira de Santiago
Durante o podcast, Julia Jaccoud explica que os próprios números não precisam ser vistos como números. “Um dos livros mais traduzidos e publicados da história, depois da Bíblia, é um livro de matemática: Os Elementos, do Euclides. E ele reúne tudo o que se sabia de geometria na época, e fala de número sem falar de número, como se fosse um comprimento, uma medida”, conta a mestranda do ICMC. Para exemplificar, ela sugere que os ouvintes considerem uma caneta. Independentemente do tamanho real dessa caneta, ela pode ser considerada uma unidade de medida, então, tudo o que tem o tamanho daquela caneta pode ser considerado equivalente a 1. . A matemaníaca explica que, a partir de uma compreensão simples como essa, já podemos nos questionar sobre conceitos matemáticos mais sofisticados: “Será que a gente consegue pegar a quantidade 1 e preencher qualquer outra quantidade? Bem, o 1 preenche o 2. Se você colocar o 1 duas vezes, ele preenche o 2; três vezes, ele preenche o 3. Será que eu consigo preencher com o 2 todos os números?”, questiona Julia. “Não. A gente preenche com o 2 os números que são pares. Os ímpares, não, ou falta ou sobra”, responde. Ela brinca que podemos prosseguir com esse raciocínio por um tempo indeterminado, já que os números são infinitos. . “Assim, a gente pode enxergar uma propriedade que é a dos números primos: tem números que só vão ser preenchidos por 1 ou por ele mesmo. O 2 é um desses casos, a gente preenche com o 1, duas vezes, ou com o 2.” Por meio desses exemplos, Julia consegue abordar os números de uma maneira diferente. Não por acaso, ela contabiliza hoje 107 mil seguidores no YouTube. .
. Na hora de indicar um livro para despertar o gosto pela área, a mestranda sugere O Diabo dos Números, de Hans Magnus Enzensberger. Apresentada como “um livro de cabeceira para todos aqueles que têm medo de matemática”, a obra mostra as 12 noites em que um diabo invadiu os sonhos do garoto Robert para lhe revelar uma porção de mistérios. Em determinado momento, logo no começo do livro, o diabo diz para Robert: “A maioria dos matemáticos de verdade nem sabe fazer contas. E, além do mais, eles nem têm tempo para isso. Para fazer contas existem as calculadoras. Você não tem uma?”. . Outra recomendação de Julia para ajudar a descobrir o gosto pela matemática é a música Matemagicamente, do Mundo Bita: “Amor a gente tem para multiplicar/ Felicidade é coisa pra se dividir/ E quantos mais amigos a gente somar/ É certo que a tristeza vai diminuir.” . Com 30 minutos de duração, o podcast com “A matemaníaca” foi exibido na Rádio UFSCar no domingo, 4 de junho, às 10 horas, e está disponível na íntegra nos sites da Rádio UFSCar, do ICMC e no Spotify. A iniciativa foi uma das 47 selecionadas na última chamada pública da emissora, que pode ser sintonizada em 95,3 FM (disponível para São Carlos e região), acessada por aplicativo ou pelo site www.radio.ufscar.br em qualquer lugar do mundo. .
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