Sexta, 13, o clima pra lá de cinza no País. Mas como o caminho se faz ao caminhar, lá estava a moçada da Guatá, no Terminal de Transportes Urbanos para fazer do limão uma limonada. Nossos mediadores de leitura e o gato preto ao Sol, marca/mascote do “Epidemia de Poesia”. Embaixo dos braços, uma exposição reunindo cartazes da Anistia Internacional, tendo como tema os Direitos Humanos; uma outra, de autoria da fotógrafa Áurea Cunha, com a teimosa resistência dos povos originários na região das Três Fronteiras. Já uma terceira, relembrava capas do combativo “Nosso Tempo’, um jornal nanico iguaçuense pra lá de alternativo nos anos finais da ditadura militar. Em tempo de amnésia coletiva, estimular a memória é importante para se fazer frente às injustiças.
Ah, sim. No carregamento, duas outras de poesias, escritos com a linguagem universal que faz da emoção, palavras. Poemas cheirando à realidade. Sociedade e tesão. Amor e humanidade. Pureza e aflição. Um verdadeiro liquidificador com a nossa dor… e a nossa esperança. Brecht e Quintana pendurados na mesma linha tênue entre a fronteira do que é dizível e o surdo mundo aparente.
Quer mais, caro leitor? Sim, tinha mesas repletas dessas revistas “Escrita” que volta e meia aparecem transitando dezenas de autores com megafones e grafitis imaginários. Junto a elas, emparelhadinhos, livros de poesia, folhetos de poesia, colantes de poesia. Tudo reunido para depois revoarem aos montes, às centenas, do tabuleiro para a mão de quem quer experimentar a textura e o sabor desse verdadeiro banquete de ideias, vivências e percepções.
Na sexta que passou, em quatro horas de atividade, foram distribuídas duas centenas de exemplares de Escrita, edições diversas, e mais de cem livretos de poesia. Entre folhetos e colantes foram mais de mil. Gratuitamente, numa troca, aliás, que a Guatá entende mais do que vantajosa. Entregamos o livro, a revista, a folheteria, materializando as ideias de nossos colaboradores. No sentido inverso, recebemos o comentário, a confissão e novas autorias para serem dispostas nos próximos banquetes.
Nos ônibus
Ainda quer mais? Bem, o que temos de diferente para contar é que desta vez começamos a embarcar a poesia. Como estabelece o cronograma do projeto Epidemia de Poesia, poemas de leitura ligeira também serão dispostos nos ônibus do transporte urbano. Um ato simples, de colocar junto à paisagem da janela, a voz dos que sentem o mundo e traduzem em palavras, ritmos e tons. Podemos dizer que, agora companheiros de viagem à labuta ou ao descanso, seguem também poemas, sacolejando frente aos olhos e ao repertório de cada um de nós.
Bem, desembarcamos. Mas os dias passam rápido e, roteiro circular, semana que vem tem mais…
OBS: O projeto Epidemia de Poesia é realizado pela Associação Guatá – Cultura em Movimento com recursos obtidos junto ao Fundo Municipal de Cultura, gerido pela Fundação Cultural de Foz do Iguaçu e Conselho Municipal de Políticas Culturais.
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