A capa do emblemático álbum duplo “Clube da Esquina” de Milton Nascimento e Lô Borges. (Foto: divulgação)
. Em 1971, Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes, adolescentes, deixaram Belo Horizonte e foram morar na Prainha de Piratininga (que também é conhecida como Mar Azul), em Niterói, onde compuseram muitas faixas do lendário álbum “Clube da Esquina”.
Lançado em março de 1972, o álbum duplo, é um divisor de águas na história da música brasileira. É o quinto LP de estúdio de Milton Nascimento e o primeiro de Lô Borges, que em seguida seguiria a carreira solo. O disco foi lançado, no Brasil, em LP em 1972 pela EMI-Odeon.
O LP foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o 7º melhor disco brasileiro de todos os tempos. Em resenhas profissionais, Clube da Esquina segue tido como um dos álbuns mais marcantes da carreira de Milton Nascimento e Lô Borges, assim como da própria MPB.
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Curiosamente na época do lançamento a crítica especializada, segundo relato de Márcio Borges, não avaliou o álbum de forma positiva: “Naturalmente, os críticos foram horríveis. Ficavam querendo comparar Bituca (Milton) com Caetano e Chico Buarque, não entendiam nada daquele ecumenismo inter-racial, internacional, interplanetário, proposto pelas dissonâncias atemporais de Bituca. Desprezavam os achados de Chopin e o zelo beatlemaníaco do menino Lô.”
“Clube da Esquina” chamou a atenção pelas composições engajadas e a miscelânea de sons. A capa traz a foto de dois meninos, Cacau e Tonho, fotografados há 50 anos em uma estradinha de terra nas proximidades de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, próximo de onde moravam os pais adotivos de Milton Nascimento.
Integrantes do Clube da Esquina nos anos 70. (Foto: divulgação)
O disco, o movimento – Quando entrou em estúdio para gravar um novo álbum pela Odeon, que seria lançado em 1972, Milton Nascimento já vinha amparado em sucessos como “Travessia”, “Morro velho” e “Canção do sal”, que havia emplacado nos álbuns que lançou anteriormente, a partir de 1967.
Foi o que lhe permitiu botar as cartas na mesa: queria gravar um álbum duplo, com músicas de um grupo que, àquela altura, era composto por ilustres desconhecidos. O resultado dessa aposta, que a gravadora, após alguma relutância, acabou por bancar, se tornou um clássico da música brasileira.
Em uma entrevista recente ao jornal O Estado de Minas, Márcio Borges, irmão de Lô e também integrante do grupo, falou sobre o álbum cinquentenário e seu desdobramento como movimento musical. Márcio considera que sua principal marca é a originalidade das faixas nele registradas.
“Ninguém fazia aquilo que a gente fez”, observa. Em relação ao movimento como um todo, incluindo seus desdobramentos, ele acredita que a singularidade reside no fato de um grupo de jovens amigos músicos terem, despretensiosamente, movidos apenas pela paixão pelo que faziam, alcançado uma audiência planetária.
“Nós nos transformamos num movimento musical famoso no mundo inteiro com o seguinte lema: primeiro a amizade, depois a música. A amizade foi o combustível, a vontade de estarmos juntos e fazer as coisas juntos, ser irmãos de criação e de criatividade”, aponta. Ele observa que tanto o álbum inaugural do movimento quanto todos os outros títulos que se seguiram, assinados por Milton ou pelos outros “sócios” do Clube, revelam esse sentimento de coletividade”, completa o músico.
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