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Indira e Aritana. Mãe e filho, animais monitorados no Parque Nacional do Iguaçu – Foto: Projeto Onças do Iguaçu
Por Denise Paro, especial para Guatá .
Yara Barros: “A gente tira os óculos do medo e coloca o do encantamento” – Foto: Denise Paro
Um dos desafios do projeto é tornar as pessoas ‘amigas da onça’. Isso significa engajar a comunidade em defesa do maior felino das Américas que está sob ameaça de extinção no Brasil. Para isso, a equipe interdisciplinar do projeto, formado por biólogos, gestores ambientais e veterinário, do Brasil e Argentina, vão a campo não apenas para monitorar florestas, mas também fazer com que a população jogue a favor dos animais.
. Em cinco anos de trabalho, foram realizados 170 eventos de engajamento na comunidade no entorno do Parque Nacional do Iguaçu, seja em escolas, festas comunitárias e até botecos, onde é realizado e evento “Bafo de Onça”.
. Foram 1.261 visitas em mais de 300 propriedades situadas em 15 municípios da região em um trabalho que transforma vidas. Atualmente, 8 propriedades tem o selo “Amigas da Onça”, uma delas o Rancho Jaquareté, situado em São Miguel do Iguaçu, a 45 quilômetros de Foz do Iguaçu.
. Em algumas delas, a onça, era alvo de caça no passado principalmente porque invadia as propriedades para comer bezerros e animais domésticos.
. A ideia agora é virar o jogo em favor das onças. Tirar o ar de medo do felino ou da ameaça aos animais domésticos das propriedades. “A gente tira os óculos do medo e coloca o do encantamento”, diz Yara.
. As principais presas da onças-pintadas são os porcos selvagens, cateto e queixada, além do veado e anta. Os porcos selvagens também desapareceram na época em que a população de onças estava em queda. “A queixada ficou 20 anos extinta na região”, explica Yara. A intensificação do combate à caça no parque contribuiu para a volta da queixada.
. A principal ameaça da onça-pintada continua sendo a caça, explica a bióloga. O caçador não entra na mata para necessariamente pegar uma onça, mas ao ir atrás de outros animais, como paca, cateto e por vezes se deparar com a onça, acaba atirando. .
Acesse mais reportagens sobre onça-pintada na região trinacional, aqui.
Filmagem feita por Aveni de Oliveira, em março de 2023. Reproduzido do Facebook da Urbia Cataratas
. O trabalho já tem dado os primeiros resultados. O último Censo da Onça-Pintada, divulgado no início deste mês, indica que a média de 93 animais circulam no corredor verde do Brasil e Argentina. Em toda Mata Atlântica a estimativa é que haja entre 250 e 300 onças. A área de 582.123 hectares, que corresponde ao corredor verde do Brasil, Argentina, Paraguai é a porção da Mata Atlântica que mais tem onças-pintadas atualmente, ou seja, um terço. . O corredor verde corresponde ao Parque Nacional do Iguaçu no Brasil, o Parque Nacional del Iguazú e outros parques provinciais no lado argentino. Os biólogos calculam que a área comporte no máximo 250 onças-pintadas. É também a região mais adequada para a espécie. . Em 2016, a população estimada estava na média de 90 onças (entre 71 e 107); em 2018 passou para 105 (entre 84 e 125) e em 2020 chegou a 90 (entre 76 e 106). Somente no Parque Nacional do Iguaçu, a estimativa média do Censo 2020 foi de 24 onças-pintadas (entre 20 e 28) e 25 (entre 19 e 33) em 2022. . Bienal, o Censo é feito por uma equipe interdisciplinar formada por biólogos, gestores ambientais e veterinários brasileiros e argentinos. Os profissionais dedicam-se diuturnamente para conservar a espécie na região que em entre 1990 e 1995 era de 400 a 800 onças-pintadas. . Para Yara, ainda há muito trabalho pela frente, apesar do resultado animador. “Estamos no caminho certo, mas não podemos parar. A manutenção da população de onças dessa região depende dos esforços de conservação e da integridade do Parque Nacional do Iguaçu e das outras áreas do corredor verde”. . Para fazer o monitoramento, a equipe contou com 224 pontos de amostragem, dos quais 72 no Brasil e 152 na Argentina. Com esse aparato, que resultou no maior censo já realizado, foram obtidas mais de 450 mil imagens, das quais 3.763 fotografias de 55 onças-pintadas adultas.
. Clique e veja mais do registro feito nas Cataratas, lado argentino, em 2021.
Agosto de 2021: Onça Kunumi, no lado argentino das Cataratas, em registro feito por Cecília Miura. – Foto recortada pela edição Guatá)
Estatísticas da População de Onças-Pintadas no Parque Nacional do Iguaçu – Lado Brasileiro . 1994 – 64 2009 – 11 2013 – 15 2014 – 17 2016 – 22 2018 – 28 2020 – 24 2022 – 25
Estatísticas da População de Onças-Pintadas no Parque Nacional do Iguaçu – Lado Brasileiro
1994 – 64 2009 – 11 2013 – 15 2014 – 17 2016 – 22 2018 – 28 2020 – 24 2022 – 25
. Os esforços para preservar a onça-pintada na região do Parque Nacional do Iguaçu brasileiro e argentino começou na década de 1990 com Peter Crawshaw Jr. , que criou o projeto Carnívoros do Iguaçu. Em 2018, o projeto foi batizado de Onças do Iguaçu. . O Projeto Onças do Iguaçu é um projeto do ICMBio, desenvolvido em parceria entre o Parque Nacional do Iguaçu e o Instituto Pró Carnívoros, e tem como parceiros executores o CENAP/ICMBio e WWF Brasil. Em 2023, os principais patrocinadores do projeto são: WWF Brasil (principal patrocinador), Instituto Conhecer para Conserva, Urbia + Cataratas, Fundação Beauval Nature, Ron Magill Conservation Endowment e Helisul Aviação. .
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