Arrigo visita Itamar foi gravado ao vivo em 2023 – foto: Stela Handa
Nesta primeira parte: O que tem nessa cabeça (Introdução / Itamar Assumpção) 1. Quando eu me chamar saudade (Nelson Cavaquinho) 2. Fico louco (Itamar Assumpção) 3. Tristes trópicos (Itamar Assumpção e Ricardo Guará)
“Foi um presente da Atração. A gente não tinha a menor pretensão. Usei uma performance antiga que eu fazia com uma máquina de escrever (isso em 1982/1983!!) como fio condutor. E a Trisca realmente arrasou. Então a máquina de escrever ficou também como uma espécie de “elo mediúnico” que me permitia conversar com o Itamar no além. O Itamar me disse várias vezes que a gente já se conhecia de outras vidas, e que a gente iria se encontrar de novo, em uma nova vida. Ele falava isso com muita certeza mesmo.” (Arrigo Barnabé).
A ideia desse projeto começou quando Arrigo Barnabé participou como convidado de um show com a banda Isca de Polícia, no Sesc 24 de maio, em janeiro de 2022, e ele disse ao Paulo Lepetit (baixista e diretor musical da banda), que gostaria de fazer um trabalho interpretando músicas do Itamar Assumpção.
Começaram a pensar no projeto, que se concretizou em um show apresentado no Sesc Pompeia, em 2023. No seu desenvolvimento, Arrigo acrescentou às músicas do Itamar algumas canções de artistas que ele sempre gostou muito de cantar.
Devido ao sucesso, seguiram com apresentações em outros locais, até que no final do ano passado, Wilson Souto, da gravadora Atração, assistiu à apresentação, no Sesc Consolação, e propôs ao Arrigo registrar o projeto.
Resulta daí, um trabalho audiovisual ousado e inovador, com uma nova linguagem musical derivada de duas vertentes da chamada Vanguarda Paulista: Arrigo Barnabé e Isca de Polícia, em que Arrigo e Trisca não apenas revisitam algumas canções da obra de Itamar, mas também de outros compositores vanguardistas (em suas épocas).
“O que tem nessa cabeça” A pretexto de uma carta para Itamar, fiz uma paráfrase de “Cabeça” do Walter Franco.
“Quando eu me chamar saudade” Essa é a cara do Itamar, embora seja do Nelson Cavaquinho. É a história do artista que não é reconhecido em vida, só “quando eu me chamar saudade”. Adoro cantar essa música. Adoro samba.
“Fico louco” Nós morávamos juntos no Bexiga quando o Itamar compôs. Eu adorava cantar gritando como um louco. A coisa do “Fico Louco” é bem anos 1970, era a cara daquela época. Ele mudou a letra várias vezes, mas era aquela coisa Hélio Oiticica, seja marginal seja herói.
“Tristes trópicos” Essa o Itamar fez sobre um poema do Ricardo Guará, no final dos anos 1980. O Guará também morava com a gente no Bexiga. Bom, o Guará fez um trava-língua e tanto com “Tristes trópicos”, e o Itamar encontrou um jeito de encaixar as palavras numa melodia curta, com um caráter de “mantra”, muito bem solucionado.
Itamar Assumpção, natural de Tietê, interior de São Paulo, foi um compositor, cantor, instrumentista, arranjador e produtor musical, que se destacou na cena independente e alternativa de São Paulo nos anos 1980 e 1990. Foi exímio baixista e tocou, antes da carreira solo, na banda de seu amigo Arrigo Barnabé, com quem também morava. Seu primeiro trabalho “Beleléu, Leléu, Eu” foi lançado pelo selo Lira Paulistana em 1980, criado por Wilson Souto, Chico Pardal e Plínio Chaves. Seu trabalho provocador, fora dos padrões, repleto de pausas gerando silêncios, ainda é tensionado em uma posição crítica frente às exigências mercadológicas. Faleceu em 2003.
Arrigo Barnabé é compositor, cantor, ator e pianista brasileiro. Estudou composição na Universidade de São Paulo (USP). Arrigo surgiu na cena musical brasileira, em 1979, no festival universitário da TV Cultura, com a música “Diversões Eletrônicas”. No mesmo ano, apresentou “Sabor de Veneno” no Festival da TV Tupi de São Paulo. Em 1980, lançou o LP “Clara Crocodilo”, considerado marco inicial da Vanguarda Paulista. Com arranjos dissonantes, logo se destaca no movimento musical que se desenvolve pela capital paulista, tendo como centro de difusão, o Teatro Lira Paulistana, idealizado por Wilson Souto. Em 1984, com o lançamento do LP “Tubarões Voadores”, Arrigo se estabelece como ícone da Vanguarda Paulista. Colabora com cineastas como Rogério Sganzerla (como ator) e Chico Botelho (como ator e compositor da trilha sonora). Compõe óperas e missas com música para percussão e piano. Como intérprete fez shows cantando Lupicínio Rodrigues (“Caixa de Ódio”) e Roberto/Erasmo Carlos (“Que vá tudo pro inferno”), entre outros. Em 2019, Arrigo lançou seu primeiro livro “No Fim da Infância”, publicado pela Grafatório Edições. A obra, autobiográfica, reúne memórias escritas por Arrigo Barnabé para diversos veículos. Em 2021, foi tema do filme”Amigo Arrigo”, dirigido por Alain Fresnot e Junior Carone. Apresenta, desde 2004, o programa Supertônica na rádio Cultura FM.
A Banda Isca de Polícia foi criada, em 1979, por Itamar Assumpção para acompanhá-lo em discos e shows. Juntos gravaram vários álbuns, além de participações em trabalhos de outros artistas, como Ney Matogrosso. Participaram de importantes projetos musicais, tanto no Brasil quanto no exterior, tendo excursionado por países como Alemanha, Suíça, Áustria, Holanda, entre outros. Em 2022, a “cozinha da banda”, baixo, bateria e guitarra, foi convidada por Arrigo Barnabé para desenvolver um novo show baseado na obra de Itamar Assumpção. Daí surgiu o nome Trisca com Paulo Lepetit no baixo e direção musical, Marco da Costa na bateria e Jean Trad na guitarra.
Trabalhando pela diversidade da música brasileira, a Atração é uma gravadora independente, brasileira, com sede em São Paulo, que tem em seu catálogo, importantes e representativos artistas dos mais diferentes gêneros da música nacional. Há 28 anos no mercado da música, a Atração se especializou no mercado digital, marketing das mídias sociais, na produção, divulgação, sincronização, edição autoral e distribuição de conteúdos próprios e de terceiros. Sua marca é a valorização da diversidade e da memória musical brasileira. Em parceria com os importantes players do mundo, a Atração está presente em mais de 40 países com atuação marcante no YouTube em quatro canais: Atração Divulga, Brazil Música, Cultura Reggae e Atração Católica.
Produtor Fonográfico : Atração Direção Geral : Ana Maria T. Mendez e Wilson Souto Produção executiva : Chico Pardal Arrigo Barnabé: Voz e teclado Paulo Lepetit: Baixo, arranjos e backing vocal Jean Trad: Guitarra e backing vocal Marco da Costa: bateria e backing vocal
Concepção cênica: Arrigo Barnabé Iluminação: Cristina Souto Produção : Nicole Wolfensberger Fotografia : Stela Honda Direção audiovisual: Beto Mendonça Captação de áudio: Rodrigo Carraro Edição e Finalização: Beto Mendonça e Gabi Oliveira Mixagem: Beto Mendonça e Paulo Lepetit Masterização: Beto Mendonça Estúdio 185 Apodi – para Gravadora Atração
Teatro Centro da Terra Direção: Keren Ora Admoni Karman Curadoria de música: Alexandre Matias
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