Foto: © Bruno Peres/Agência Brasil
A curiosidade sobre o Universo e a vida em outros planetas permeia o imaginário coletivo desde sempre. O assunto já foi tema de vários filmes e teorias da conspiração. Mas a verdade é que a ciência ainda sabe muito pouco sobre a imensidão do espaço.
O ser humano tem conhecimento sobre aproximadamente 5% do Universo. E uma cientista brasileira se dedica a estudar a origem e a evolução do Cosmo. Larissa Santos é astrofísica, nasceu em Brasília e há 10 anos mora na China, onde é professora de Cosmologia na Universidade Yangzhou. Ela é a convidada do programa DR com Demori, da TV Brasil, que vai ao ar nesta terça-feira, às 23h30.
Larissa se especializou na chamada Radiação Cósmica de Fundo, que é a radiação surgida no universo primitivo. “A gente sabe desde 1929, mais ou menos, que o Universo está se expandindo. Então, se nós voltarmos para trás no tempo, o universo era cada vez menor, cada vez mais quente e cada vez mais denso. Nessa época, partículas de radiação elas estavam acopladas. (…) Então, não se conseguia formar átomos neutros. (…) O universo foi se expandindo, se resfriando, até o momento que, finalmente, o próton conseguiu capturar o elétron e formar os átomos, os primeiros átomos. A gente chama esse período de recombinação, que são os átomos de hidrogênio. Nesse momento, a radiação pôde viajar livremente pelo Universo. É essa radiação do universo primitivo que a gente chama de Radiação Cósmica de Fundo. A gente estuda essa radiação pra entender o que estava acontecendo no Universo quando ele era um “bebê””, explica.
Larissa conta ainda que a ciência se desenvolve de maneira contínua e que um caminho, mesmo não levando a um resultado esperado, pode ser muito importante para outras descobertas.
“Einstein, as equações dele, mostravam um Universo em expansão, antes de ser mostrado observacionalmente que isso de fato acontecia. Mas o Einstein era tão apegado ao seu próprio tempo que ele não acreditou. Ele falava que o Universo era estático, apesar das equações mostrarem o contrário. E pra manter o Universo estático, ele adicionou uma constante nas equações que contrabalanceava a força da gravidade. Aí, em 1929, mostrou-se observacionalmente que o Universo é de fato dinâmico, está se expandindo, e Einstein falou: poxa, esse foi o maior erro da minha vida. Mas não foi, porque hoje nós usamos essa constante, inseridas nas equações de Einstein, pra explicar um outro fenômeno, a tal energia escura”, exemplifica.
A energia escura é um dos grandes mistérios do Universo. Tudo o que é sabido representa 5% do Cosmo, e o restante é formado pelo que os cientistas chamam de energia escura. “Estrelas, planetas, galáxias. Tudo que a gente conhece é formado por matéria bariônica. Mas o Universo é formado por 95% de um, a gente chama de setor escuro, que a gente não sabe exatamente o que é. Que 25%, mais ou menos, é de matéria escura, uma matéria invisível, que a gente não sabe que partículas são essas, e aproximadamente 70% de uma tal energia escura que está acelerando a expansão do universo”, detalha. Decifrar a natureza dessa energia escura é um dos problemas em aberto mais importantes da física atual.
Sobre a possiblidade de existir vida fora da Terra, Larissa diz que é apenas especulação, crença e que ainda não há evidência observacional que leve a essa possibilidade. Mas lembra que já foi encontrada água em luas de Saturno e Júpiter e, recentemente, no subterrâneo de Marte.
“A água está aí. E a gente sempre tem aquela frase famosa, onde há água, há vida. Então, pode ser que tenha vida parecida com a nossa. No caso, quando eu falo, micro-organismos que estamos procurando e não seres humanos. Eu acredito que a ciência busca o extraordinário. Nós estamos na ciência pra isso. Acho que descobrir vida fora da Terra seria a maior descoberta científica de todos os tempos”, conclui.
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