La verdad habita en el desvío, en el nudo del tronco antiguo
AVÓ
Ela segue a torrente Aprendeu isso com o tempo Constrói seu ninho entre as águas E com o rio, aprendeu a deixar partir a folha e a abrigar a raiz.
É uma dança cujos passos ela conhece. Baila entre os ventos, diante da correnteza inventada por ela, desaguando sua própria existência. Ela escorre entre minhas mãos e olhos.
O silêncio navega. Sua voz guarda a cheia, anunciando um futuro afogado em memórias que eu, corajosamente, salvo e liberto.
O cheiro do rio corrido, tão feroz quanto a vida que brota, pari a inconstância de sua alma selvagem.
A ferida aberta do meu espírito me trouxe às margens, onde sinto o chamado de minha avó, para me apossar do leito do rio e assim aprender o curso da vida.
Do ninho que me acolheu, hoje reconheço as águas que o gestaram.
E na foz, afogo o medo. E o desejo, a salvo, se inscreve em minha pele com a caligrafia das águas dela.
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