Cristina Buarque faleceu no domingo (20) – Foto: Zeca Ferreira / Instagram
Filha do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista Maria Amélia Alvim, Cristina era irmã do compositor Chico Buarque, da cantora Miúcha e da ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda.
“Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico?”, escreveu o filho nas redes sociais.
Cristina Buarque se dedicou principalmente ao samba, com foco em compositores do início do século XX e da chamada Velha Guarda. Gravou álbuns solo e participou de projetos coletivos do gênero. Seu primeiro disco, Cristina Buarque (1974), foi lançado em parceria com o pianista João Carlos Assis Brasil.
Ao lamentar a morte de Cristina Buarque, a Escola de Samba Portela lembrou que a cantora era natural de São Paulo e dedicou a vida ao samba e à música popular brasileira (MPB). Sua carreira ganhou notoriedade com o lançamento, em 1974, de um disco que apresentou composições de grandes nomes da MPB, como Cartola, Tom Jobim, Paulinho da Viola, Manacéa e seu irmão, Chico Buarque.
Sempre presente ao lado da Velha Guarda da Portela, Cristina deixa cinco filhos e um legado eterno para o samba e a música brasileira.
Segundo o Dicionário Cravo Albin, da Música Popular Brasileira, em 1968, o irmão de Cristina, Chico Buarque, mais velho seis anos, levou-a para gravar em seu LP Chico Buarque Volume 3, dividindo com ela a faixa Sem Fantasia, de autoria do próprio compositor.
Em 1974, lançou o primeiro LP Cristina, no qual interpretou um de seus maiores sucessos, Quantas lágrimas, de Manacéia, compositor da Velha-Guarda da Portela. No mesmo disco, gravou composições de outros sambistas, como Dona Ivone Lara, do Império Serrano, e Nelson Cavaquinho e Cartola, ambos da Mangueira. Nessa época, já era marcante uma de suas características: resgatar canções de antigos compositores das escolas de samba, em um verdadeiro trabalho de garimpagem. Assim fez com Candeia, ainda na década de 1970, gravando em fita cassete vários de seus sambas inéditos e melodias inacabadas.
Ainda de acordo com o dicionário, em 1980, gravou o LP Vejo amanhecer, que teve a participação do conjunto Época de Ouro na faixa Cantar, de Godofredo Guedes, pai do cantor e compositor Beto Guedes, sendo o título do disco retirado da música Vejo amanhecer, de Noel Rosa. No ano seguinte, lançou o LP Cristina, com a participação especial da Velha-Guarda da Portela na faixa Vida de rainha, de Alvaiade e Monarco, e ainda de Clementina de Jesus em Quando a polícia chegar, de João da Baiana. Ainda neste ano, convidada a participar de um disco em homenagem a Geraldo Pereira, gravou a música Pode ser?, de Geraldo Pereira e Marino Pinto, e fez parte do coro na faixa Se você sair chorando, de Geraldo Pereira e Nélson Teixeira.
Em 1987, gravou um compacto duplo, com produção independente, juntamente com Mauro Duarte, no qual os dois interpretaram as músicas Resgate e Deixa eu viver na orgia”. A primeira é de autoria de Duarte e Paulo César Pinheiro e a segunda, dele e de Cristina.
Em 1988, coproduziu e participou do LP Candeia, lançado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), gravando a faixa Morro do Sossego, de Candeia e Artur Poerner. No ano seguinte, a gravadora Ideia Livre lançou o disco Homenagem a Paulo da Portela e outra vez, em dueto com Mauro Duarte, Cristina interpretou a canção Quem espera sempre alcança. No mesmo ano, participou do coro em várias faixas do disco Mangueira chegou, da Velha Guarda da Mangueira.
Em 1998, participou do CD Chico Buarque de Mangueira, interpretando várias faixas, como Favela, de Padeirinho e Jorginho Pessanha, Como será o ano 2000, de Padeirinho, em dueto com Carlinhos Vergueiro, Polícia no morro, de Geraldo Pereira e Arnaldo Passos, Agoniza mas não morre, de Nelson Sargento, também com Carlinhos Vergueiro, e fazendo coro em quase todo o disco.
Em 2002, ao lado dos irmãos Chico, Miúcha e Ana de Hollanda, e de Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Inezita Barroso e Carlinhos Vergueiro, participou da caixa de quatro discos Acerto de contas de Paulo Vanzolini, lançada pela gravadora Biscoito Fino, na qual Interpretou três composições do homenageado: Falta de mim, noite longa, dele e de Toquinho, Mente e Morte é paz.
Em 2003, ao lado de Dona Ivone Lara, Wilson Moreira, Elton Medeiros, Renato Braz, Monarco, Velha Guarda da Portela, Elza Soares, Teresa Cristina, Martnália, Nilze Carvalho, Seu Jorge e Walter Alfaiate, entre outros, participou do CD Um ser de luz – saudação a Clara Nunes, no qual interpretou Derramando lágrimas.
Em 2007 apresentou o espetáculo Cristina Buarque e Terreiro Grande, no Teatro Fecap, em São Paulo, em show produzido por Homero Ferreira.
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